Economia

Crise não afeta emprego, mas renda tem maior queda desde janeiro de 2006

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postado em 19/11/2008 11:00
O mercado de trabalho vem passando incólume em meio à crise e deverá fechar o ano com o melhor desempenho desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) iniciada em março de 2002. De janeiro a outubro, a taxa de desemprego média é 8%, abaixo dos 9,6% verificados em igual período em 2007. Para o coordenador da PME, Cimar Azeredo, é bem provável que a taxa fique abaixo dos 9,3% constatados ao longo do ano passado. "Historicamente, há mais contratações em novembro e dezembro. Foi o que aconteceu no ano passado, quando a taxa de desemprego caiu entre outubro e dezembro", afirmou. Ao mesmo tempo, a queda na renda do trabalhador foi a maior observada desde janeiro de 2006. Em outubro, o rendimento médio real foi de R$ 1.258,20, queda de 1,3% em relação ao mês anterior. Por outro lado, de janeiro a outubro, o trabalhador recebeu, em média, R$ 1.247,16, 3,3% acima dos R$ 1.207,04 observados em igual período no ano passado. "A redução na renda em outubro está associada ao aumento de 0,55% da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Pode ter havido também influência do maior número de pessoas entrando no mercado de trabalho. Pode ser um reflexo do início das contratações temporárias", completou Azeredo. A taxa de desemprego em outubro ficou em 7,5%, a segunda menor da série, conforme divulgou nesta quarta-feira (19/11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Azeredo, o resultado mostra estabilidade no mercado de trabalho. Ele frisou que não houve redução estatisticamente significativa na passagem de setembro para outubro, com todas as regiões pesquisadas estáveis. "O mercado de trabalho ainda não sentiu os reflexos da crise. Não há percepção de dispensas, e as contratações continuam acontecendo. Entre setembro e outubro, foram inseridas mais 176 mil pessoas no mercado de trabalho", observou. O nível de ocupação, que mede a população com mais de 10 anos de idade, também é recorde. De janeiro a outubro, 52,4% dessa população está empregada. Em igual período em 2007, esse índice era de 51,4%. Em outubro, o nível de ocupação chegou a 53,5%. Entre as regiões pesquisadas, o IBGE constatou que a taxa de desemprego de 7,7% em São Paulo foi a menor da série, deixando para trás os 7,8% observados em dezembro de 2005. Azeredo avaliou que este resultado mostra que a estabilidade econômica vem se refletindo no mercado de trabalho. São Paulo representa 40% da população ocupada verificada pela PME. "A construção do nível atual do mercado de trabalho vem se sustentando há tempos. Esse bom momento não surgiu do dia para a noite. Embora haja um processo de crise instalado no mundo, nossa economia está arrumada", destacou Azeredo. Fora Salvador, onde a taxa de desemprego caiu de 11,3% para 10,7%, não houve grandes variações nas outras regiões. A taxa ficou em 8,9% em Recife, 7% no Rio de Janeiro, 5,9% em Belo Horizonte e 5,6% em Porto Alegre.

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