Economia

Dólar chega a R$ 2,46, o mais alto dos últimos três meses

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postado em 22/11/2008 08:20
A deterioração do cenário econômico mundial atingiu em cheio o mercado brasileiro nesta sexta-feira (21). Influenciada pela fuga de capitais do país, a cotação do dólar se valorizou 2,67%, fechando em R$ 2,464. Esse nível não era visto desde 25 de julho de 2005, quando o câmbio havia ficado em R$ 2,462. A intervenção do Banco Central (BC) foi insuficiente para reverter a tendência da moeda, que registrou o quinto dia seguido de subida. Descolando-se de Wall Street, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) mergulhou no pessimismo, chegando perto dos 7% negativos que acionam o circuit braker e interrompem as operações. Depois de oscilar, encerrou as atividades em baixa de 6,45%. Ao longo do dia, a cotação do dólar atingiu a máxima de R$ 2,482, recuando um pouco à tarde, depois que o BC negociou US$ 372,5 milhões em swap cambial, contratos no mercado futuro equivalentes à venda de dólar. Analistas acreditam que a ação do BC tem sido tímida diante da magnitude da saída de recursos do país e não descartam a hipótese de a moeda norte-americana encostar em R$ 3 nas próximas semanas. No ano, os estrangeiros já tiraram cerca de R$ 24 bilhões da Bovespa para cobrir prejuízos no exterior. Isso tanto enfraquece a bolsa como pressiona o câmbio. A divisa acumulou valorização de 8,3% na semana e de 13,9% em setembro. Com o mercado voltando do feriado da quinta-feira, o Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, ficou bastante instável. Os investidores se mostraram preocupados com os rumos da economia mundial, que cada vez mais apontam para uma recessão nos países desenvolvidos. Nem o anúncio de que a Petrobras encontrou mais petróleo na camada do pré-sal conseguiu segurar as ações da empresa, que caíram até 9,37% diante da retração dos preços do óleo nos últimos dias. As ações da Nossa Caixa, que está sendo comprada pelo Banco do Brasil, lideraram os ganhos, com alta de 22,8%. No fim, o Ibovespa fechou aos 31.250 pontos, acumulando uma queda de 51,1% neste ano. Tesouro dos EUA A Bolsa de Nova York se recuperou do tombo de 5,55% de anteontem e operou no azul o dia inteiro, apesar da preocupação com a possível quebra de montadoras de automóveis e com o setor bancário. O Citigroup, cujas ações caíram 20%, pode ser vendido. No fim da sessão, as ações dispararam quando órgãos de imprensa noticiaram a indicação do presidente do Federal Reserve (Fed) de Nova York, Timothy Geithner, para o cargo de secretário do Tesouro dos EUA. O presidente eleito Barack Obama deve confirmar a futura nomeação na segunda-feira. O economista, que atuou como subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais entre 1999 e 2001, era um dos preferidos pelo mercado. O índice Dow Jones subiu 6,54% e o S 500, 6,32%. Na Europa, prevaleceu o mau humor dos investidores e as principais bolsas caíram: Paris (-3,33%), Frankfurt (-2,2%) e Londres (-2,43%). A maior preocupação foi o efeito da crise nos balanços das empresas de forma geral, não só nos de instituições financeiras. Reação no fim de 2009 A economia mundial voltará a decolar no fim de 2009, embora até lá ninguém possa descartar a possibilidade de uma ;nova catástrofe; financeira, afirmou o diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, em entrevista publicada ontem pelo jornal francês Le Parisien. ;O crescimento voltará a decolar no fim do próximo ano, embora ainda haja muitos riscos, como o de uma nova catástrofe no mundo das finanças;, afirmou. Strauss-Kahn considerou também que há um risco ;real; de o crédito ;não voltar a decolar; e que, por isso, ;é legítimo pressionar os banqueiros para obrigá-los a emprestar;. ;Os banqueiros emprestaram dinheiro a qualquer pessoa sem medir os riscos e agora estão tão assustados que não emprestam a mais ninguém;, declarou. Strauss-Kahn disse que o papel do FMI não é salvar o ;capitalismo mundial; e comentou que a maioria dos dirigentes do planeta ;não mediu a dimensão da crise e, portanto, não reagiu como devia a ela até meados deste ano;. Ele admitiu que o mundo está vivendo uma ;crise do capitalismo;, embora ela não anuncie o fim da economia de mercado. ;O que está em queda é o liberalismo desenfreado, o egoísmo e a desregulamentação em todos os âmbitos;, disse.

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