Economia

Lula defende compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil

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postado em 22/11/2008 08:45
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou ontem a venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil. Ele negou que a operação tenha tido motivações políticas. ;Não é um problema de partido, não é um problema de ideologia, é uma negociação comercial;, disse ao encerrar a Conferência Internacional sobre Biocombustíveis. ;O Banco do Brasil não tomou uma posição político-ideológica. O Banco do Brasil fez um negócio;, afirmou. O presidente rebateu os argumentos de deputados petistas contrários à compra da Nossa Caixa pelo BB, que custou R$ 5,4 bilhões, interpretada como um ato do presidente para promover a candidatura do governador José Serra (PSDB) à Presidência da República, em 2010. Os R$ 5,4 bilhões referem-se ao montante pago pelo Banco do Brasil para adquirir o equivalente a 71,25% do capital social total da Nossa Caixa nas mãos do governo paulista. ;O presidente da República não pode agir com mesquinharia quando se trata do interesse do país e do povo de São Paulo, afirmou Lula. Na avaliação do presidente, a aquisição fortalece o BB no estado de São Paulo e o torna ;mais sólido, mais competitivo, com mais agências e muito mais dinheiro para poder irrigar o crédito no país.; Créditos podres O vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica Federal, Márcio Percival, afirmou que, apesar desse movimento de compra de carteiras de crédito de pequenos bancos, os bancos públicos não estão abrindo mão da qualidade do crédito que estão adquirindo. ;Nem a Caixa nem o Banco do Brasil estão internalizando créditos podres;, afirmou o executivo. Segundo ele, essas aquisições fazem parte de uma estratégia deflagrada pelo governo de utilizar as instituições públicas como instrumentos da recuperação do crédito no país. Ele destacou que na situação atual em que há maior controle da sociedade e mais transparência dos bancos públicos, não há o risco de o Brasil voltar a viver situações passadas, em que os bancos públicos quebraram por força de erros nos seus negócios. ;Não vamos fazer o que se fez lá atrás e particularmente no caso da Caixa, não se vai repetir exemplos como o do antigo BNH (Banco Nacional de Habitação), disse Percival. O vice-presidente informou ainda que nesse contexto de crise, os clientes bancários tendem a procurar maior segurança, como a oferecida pelos bancos públicos e, por esse motivo, a Caixa tem aumentado sua presença no mercado, tendo crescimento de depósitos e de clientes. Percival deu como exemplo o fato de o estoque de captação em poupança da Caixa ter atingido, em outubro, o valor recorde de R$ 85 bilhões. Outros exemplos, segundo Percival, são os dados preliminares de outubro que apontam um crescimento de 2,6% dos depósitos a prazo da Caixa, 6,7% de aumento nas captações em CDBs e de 2,7% nos créditos totais. Prazos mais apertados Os bancos brasileiros têm conseguido retomar, aos poucos, as operações de crédito no exterior destinadas ao financiamento de empresas exportadoras e importadoras. No entanto, os volumes estão baixos, os prazos curtos e os custos elevados. Agentes desse mercado afirmam que é difícil captar recursos com prazo inferior a 180 dias. A situação só não é pior porque o Banco Central já liberou ao mercado cerca de US$ 50 bilhões em moeda estrangeira, incluindo os leilões de swap cambial, que reforçam as linhas destinadas ao comércio exterior. ;O custo continua no pico mais alto, mas as empresas estão aceitando o repasse, provavelmente por falta de opção;, afirma o executivo de uma grande instituição brasileira que prefere não se identificar. Essa instituição tem conseguido acessar junto a bancos no exterior recursos em moeda estrangeira com prazos entre 90 e 180 dias apenas. Renovar as operações em curso também está mais difícil. Segundo o executivo, a rolagem em seu banco nas últimas três semanas equivale a 50% do total do vencimento. No início do ano, superava os 100%. A situação de escassez para o financiamento do comércio exterior tende a continuar nas últimas semanas do ano.

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