Economia

Crise pega e leilão de energia do Madeira tem menor deságio desde 2001

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postado em 26/11/2008 15:30
A crise financeira internacional reduziu a concorrência do leilão de linhas de transmissão do rio Madeira e contribuiu para que o deságio médio observado, de 7,15%, fosse o menor observado desde 2001 (0,87%). Desde que as empresas do grupo Eletrobrás passaram a participar dos leilões de linhas de transmissão, em 2003, foi o menor deságio constatado. Ainda assim, membros do governo e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se disseram satisfeitos com o resultado do leilão, que concedeu outorga para a construção de 2.375 quilômetros de linhas de transmissão que vão interligar o sistema nacional às usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira. Os investimentos estimados nessas obras superam os R$ 7 bilhões. "O leilão nos deixou satisfeitos, visto que há uma dificuldade internacional. Um deságio menor significa um preço-teto menor e um pouco menos de concorrência em relação a outras ocasiões, quando havia menos nuvens no horizonte", afirmou o diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman. A concorrência realizada nesta quarta-feira teve a participação conjunta de empresas do grupo Eletrobrás e de empresas privadas como a Cteep, cuja controladora é a colombiana ISA, e Abengoa, de capital espanhol. As empresas estatais foram vencedoras, sempre em parceria, em cinco dos sete lotes oferecidos no leilão, inclusive nas duas principais linhas oferecidas, que ligam Araraquara (SP) e Porto Velho (RO). O grupo Eletrobrás, representado por empresas como Furnas, Eletronorte, Chesf e Eletrosul, foi o maior vencedor do leilão. Mesmo assim, o secretário-executivo do MME (Ministério de Minas e Energia), Marcio Zimmermann, não considerou que a participação estatal tenha sido decisiva no sucesso do leilão. Ele lembrou que, além de terem participado em parceria, os grupos privados também disputaram sozinhos o leilão --como no caso da Cymi Holding, empresa de capital espanhol, que arrematou dois lotes. "Além disso, o grupo Eletrobrás está presente nos dois consórcios que construirão as usinas do Madeira. Seria muito esquisito se as empresas do grupo não participassem do leilão de transmissão", observou, lembrando que a linha entre São Paulo e Rondônia será a maior do mundo. Zimmermann reconheceu que a maior garantia de financiamento por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi um dos fatores decisivos para que o leilão tivesse sido bem-sucedido. O presidente da Cteep, Sidnei Martini, disse que o banco estatal será a principal fonte financiadora dos empreendimentos que serão tocados pelo consórcio Madeira Transmissão, que tem Furnas e Chesf como sócias. O consórcio vai investir R$ 2,4 bilhões nas obras de transmissão para as usinas do Madeira, e ainda vai pegar crédito complementar junto a bancos privados. As linhas do Madeira serão de corrente contínua, tecnologia pouco usada no Brasil. As linhas existentes no país são de corrente alternada, e apenas as que ligam o sistema à usina de Itaipu são de corrente contínua. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, explicou que esse tipo de tecnologia é a mais indicada para longas distâncias. "A utilização dessas linhas abre perspectivas do ponto de vista tecnológico, com a possibilidade de instalação de novas indústrias", salientou Martini, da Cteep.

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