Economia

Pequenos agricultores garantem negócio de máquinas agrícolas

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postado em 29/11/2008 19:54
Um oásis de crédito bem irrigado vem sustentando as vendas de máquinas agrícolas, especialmente de menor porte. Em outubro, quando outros segmentos já se ressentiam do aperto no crédito, o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Estado (Simers) apontava alta de 29%, em relação ao mesmo mês de 2007, e de 46% no acumulado do ano, comparado a igual período do ano anterior. O movimento nas revendas deste mês promete sustentar o ritmo. ; Em 2007 e no início de 2008, houve uma forte recuperação nos tratores maiores. Como a venda de equipamentos acima de cem cavalos caiu bastante, quem está permitindo projetar crescimento sobre o ano anterior é o agricultor familiar ; diz Marcos Arbex, gerente de vendas especiais da New Holland. No Estado responsável por 65% da fabricação nacional, é um indicador mais do que bem-vindo, completa o presidente do Simers, Claudio Bier: ; Se o governo confirmar as verbas que anuncia, o setor será um dos que sofrerão menos. As indústrias estão vendendo muito para o programa Mais Alimentos, então o pequeno produtor ajuda a equilibrar as vendas. ; Está ajudando a gente a salvar a lavoura ; reforça Arbex. Ademir Bellon, 42 anos, nunca havia tido uma máquina nova. Até este fim de semana ainda vai usar o trator Valmet ano 1981 na propriedade de 26 hectares em Bela União, Santa Rosa. Deve receber o New Holland TL 75 na próxima semana. Bellon tem 14 vacas leiteiras, das quais retira sua principal renda, planta milho, soja, feijão e arroz. ; Antes, a gente só olhava os grandes com máquina nova, mas não podia ter. Volta e meia tinha de levar o trator velho para a oficina ; diz o produtor. Uma das características das compras de máquinas financiadas pelo programa é permitir o acesso de agricultores que antes não tinham crédito disponível e acabavam comprando mais máquinas usadas, afirma Werner Santos, diretor comercial da John Deere. ; O que tem de bom nisso é que chegou em bom momento, quando há uma crise de crédito no mercado. O programa traz um segmento que antes não tinha condições de adquirir equipamentos novos ; detalha Santos. Programa facilita compra de máquinas novas O executivo parece estar descrevendo a situação dos Wayer. Silvio e a mulher, Janice, poderão nos próximos dias aposentar o Valmet 1978 comprado nos anos 90. Já encomendaram um novo para a propriedade de 23 hectares, em Lajeado Assombrado, Santa Rosa. Acoplado a implementos agrícolas, o trator é utilizado no preparo da silagem, no plantio e na pulverização. ; Eu sempre tive esse sonho de comprar uma máquina nova, é a primeira vez ; explica Silvio, que planta milho, trigo, soja e cria 16 vacas, das quais garante 10 mil litros mensais. Destinado a agricultores com renda anual de até R$ 110 mil que produzam alimentos, o programa financia a compra de insumos variados, de adubo a máquinas. Enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), esses produtores respondem por 80% das vendas de outubro na Máquinas Agrícolas Carpenedo, de Santa Rosa. Antes, essas compras representavam 40%. As vendas não-incentivadas pelo Mais Alimentos caíram 12% em comparação com o ano passado, segundo o diretor da empresa, Sérgio Carpenedo. No balanço final, o resultado é mais do que positivo: os negócios com os pequenos quadruplicaram, e o faturamento triplicou: ; Vendíamos em média de cinco a seis tratores por mês. Agora, chegam a 20 ao mês por causa do programa. Na concessionária Massey Ferguson de Santa Rosa, já existem 200 pedidos de tratores enquadrados no programa. Só falta a aprovação dos bancos para efetivar os negócios. ; Isso vai aquecer o mercado. O produtor que se enquadra no programa nem está se preocupando com a crise mundial ; diz o gerente de vendas da Covediesel, Cláudio Engler.

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