Economia

Bovespa fecha com forte queda de 5,07%, aos 34.740 pontos

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postado em 01/12/2008 18:27
Os investidores deixaram de lado o bom humor com o pacote bilionário dos EUA e não resistiram à deterioração das expectativas sobre a economia global nesta segunda-feira. Além de números bastante ruins no Japão, Europa e EUA, os participantes do mercado financeiro ainda viram um pessimismo maior sobre a economia brasileira. O câmbio refletiu esse nervosismo e bateu R$ 2,32. Hoje, o respeito instituto americano Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (Nber, na sigla em inglês) apontou que a recessão na economia americana teve início em dezembro do ano passado, entre as piores notícias do dia. A declaração de Ben Bernanke, presidente do banco central americano, de que "novas reduções das taxas são certamente factíveis", trouxe pouco alívio para o mercado financeiro. O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 5,07% no fechamento e atingiu os 34.740 pontos. O giro financeiro continua a mostrar o nível alta de aversão ao risco predominante no mercado, com volume de apenas R$ 2,73 bilhões. Até o pregão do dia 26, a Bovespa acumula um saldo negativo de R$ 1,36 bilhão em investimentos estrangeiros (vendas de ações superiores às compras), o que representa o sexto mês consecutivo de perdas. Os investidores não-residentes representam mais de um terço dos negócios feitos mensalmente na Bolsa brasileira. Analistas lembram que, sem dinheiro de fora, a Bolsa tem poucas chances de recuperação consistente. Em mundo com menores perspectivas de crescimento, os preços das commodities (matérias-primas) sofrem os maiores impactos, principalmente, o petróleo, que voltou a ser cotado abaixo de US$ 50 nesta segunda-feira. As ações mais negociadas da Bolsa, Vale e Petrobras, receberam diretamente o baque nas commodities: o ativo da mineradora perdeu X%, enquanto a ação preferencial da petrolífera recuou X%. O dólar comercial foi cotado a R$ 2,320 na venda, o que representa um avanço de 0,21% sobre a cotação de sexta-feira. A taxa de risco-país marca 528 pontos, número 3,73% acima da pontuação anterior. Brasil No front doméstico, o destaque de hoje foi o novo rebaixamento da previsão do PIB (Produto Interno Bruto) no boletim Focus, do Banco Central. A pesquisa realizada com 100 instituições financeiras mostra que o mercado aposta em um PIB de 2,8% no próximo ano, contra 3% na semana anterior e 4% na previsão do governo federal. No levantamento, foi mantida a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas) para 2008 em 5,24%. O banco americano Morgan Stanley divulgou hoje um relatório fortemente pessimista sobre a economia brasileira. "Assim que o cenário global se converte na pior crise em décadas, o Brasil vai precisar de ajustes. Em nossa visão, a desaceleração do crescimento brasileiro será mais pronunciada que muitos estavam preparados", afirma o economista Marcelo Carvalho. "Nós apenas começamos a ver as evidências mais fortes da redução de atividade do Brasil, mas é provável que adiante isso se torne mais vísivel", acrescenta. EUA e Europa Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA informou que os gastos do setor de construção civil tiveram uma queda ainda pior do que o previsto por economistas do setor financeiro: um declínio de 1,2%, em outro, ante projeções de 0,9%. E o Instituto de Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) revelou que a sua sondagem sobre o nível de atividade do setor manufatureiro aponta para a pior contração em 26 anos: a pesquisa registrou uma leitura de 36,2 pontos em novembro ante 38,9 pontos em outubro. Leituras abaixo de 50 pontos já sinalizam contração, e novembro completou o quarto mês consecutivo de declínio desse indicador. Os investidores também refletem os números bastante fracos vindos tanto para a economia européia quanto asiática: em Londres, os preços dos imóveis tiveram sua segunda pior queda em quase 30 anos; a comercialização de carros na Espanha caiu pela metade em novembro, enquanto na China, o nível de atividade mostrou desaceleração. No Japão, as vendas de veículos novos caíram 27,3% em novembro, na comparação com idêntico mês em 2007, em seu pior nível dos últimos 29 anos.

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