postado em 03/12/2008 18:51
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) concluiu os negócios de hoje com recuperação moderada, acompanhando de perto a melhora de humor em Wall Street. O mercado de ações oscilou bastante, com investidores digerindo os indicadores negativos das economias americana e européia. Na cena externa, muitos ainda aguardavam novidades sobre a possível ajuda do governo às montadoras americanas, em situação pré-falimentar. O câmbio disparou para sua maior alta em três anos, apesar das intervenções do Banco Central brasileiro.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, avançou 0,85%, aos 35.296 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,42 bilhões, pouco abaixo da média de novembro (R$ 3,77 bilhões/dia), já inferior à média dos 11 meses (R$ 5,66 bilhões/dia). Nos EUA, a Bolsa de Nova York, que ainda opera, registra alta de 1,64%.
A recuperação da Bolsa foi puxada principalmente pelas ações da Petrobras. A ação preferencial, que sozinha respondeu por um volume de R$ 711 milhões, disparou 5,51%.
A ação da Vale, outro papel bastante influente na Bolsa, sofreu com o anúncio de corte de 2,1% da força de trabalho da empresa, caindo 0,13% neste pregão.
O dólar comercial foi negociado a R$ 2,475 na venda, o que significa um avanço de 3,46% sobre a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 512 pontos, número 0,19% abaixo da pontuação anterior.
O BC vendeu no mercado à vista logo pela manhã e realizou um leilão de linhas para exportação, programado desde ontem, sem conseguir deter a escalada das taxas. "Não vi nenhuma notícia mais forte que tenha realmente afetado o mercado. A alta de hoje foi principalmente uma questão de fluxo. As saídas estão muito fortes", comenta Vanderley Muniz, operador da corretora gaúcha Onnix.
Outro operador, que falou sob anonimato, relata que o mercado está volátil demais, sem que as intervenções do BC façam efeito para deter a onda especulativa com origem no mercado futuro. Logo pela manhã, o investidor reagiu mal à notícia de que o setor de serviços na zona do euro sofreu uma contração recorde em novembro, segundo o instituto de pesquisa Markit.
As notícias vindas dos EUA não contribuíram para melhorar o ambiente: a consultoria Challenger Gray & Christmas divulgou que os anúncios de cortes de empregos atingiram 181.671 vagas em novembro, um aumento de 61% em relação a outubro e de 148% em relação a novembro de 2007.
No ínicio desta tarde, novos indicadores ruins reforçaram o mau humor predominante no mercado: o Instituto de Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) confirmou que o nível de atividade do setor de serviços nos EUA caiu ainda mais do que o esperado por analistas: a sondagem revelou uma leitura de 37,3 pontos em novembro, ante 44 pontos em outubro. Economistas do setor financeiro estimavam pelo menos 42 pontos. Entre as poucas notícias positivas do dia, a Associação de Bancos de Hipoteca (MBA, na sigla em inglês) revelou que a demanda por empréstimos hipotecários mais que dobrou (112%) na semana passada, com o novo programa do Federal Reserve (banco central dos EUA).
Fluxo cambial e demissões na Vale
No front doméstico, o BC informou que o fluxo cambial do país (diferença entre saídas e entradas de dólares) continua negativo, desta vez em US$ 7,2 bilhões. Trata-se do pior resultado desde janeiro de 1999, mês da maxidesvalorização do real, quando o Brasil abandonou o sistema de câmbio fixo.
A Vale anunciou um corte de 1,3 mil funcionários em suas unidades espalhadas pelo mundo. A mineradora também colocou outros 5.500 em férias coletivas. Segundo a empresa, a reestruturação do quadro de funcionários é conseqüência da crise financeira internacional e resultado da redução das encomendas das siderúrgicas, principais clientes da Vale.