postado em 04/12/2008 15:50
Dados parciais do Banco Central para o mês de novembro mostram que o crédito bancário mantém a trajetória de recuperação em relação a outubro, pior mês da crise financeira internacional. A liberação de novos empréstimos para pessoa física cresceu 10,9% até o dia 24 de novembro (16 dias úteis) em relação ao mesmo período do mês anterior. Para empresas, o avanço foi de 1,7%. No geral (PF PJ), o crescimento foi de 4,7% no crédito bancário. Em outubro, as novas concessões de crédito haviam registrado queda de 7,3% (média diária de concessões) e 3% (concessões acumuladas no mês).
"Não atingimos os números de setembro, mas estamos ao redor do que estávamos antes", disse o presidente do BC, Henrique Meirelles, durante palestra no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Brasília. Para Meirelles, o Brasil deve ter um desempenho melhor em relação a outros países em 2009, apesar dos efeitos da crise já terem chegado por aqui.
"No passado, quando os EUA pegavam uma gripe, o Brasil pegava uma pneumonia. Hoje, os EUA têm uma pneumonia, enquanto nós temos uma gripe", afirmou. "Haverá uma desaceleração da economia brasileira em 2009. Estamos pagando o preço da crise internacional, mas o desempenho do Brasil é superior à média mundial e não está prevista uma contração do PIB."
Boa e má notícia
Meirelles comparou a crise atual com a crise imobiliária do Japão na década de 90 e com a crise de 1929. Para ele, os números indicam que os efeitos do estouro da bolha atual podem durar menos tempo.
"A boa notícia dessa crise é que ela deve ser mais curta. A má notícia é que ela está sendo mais intensa", afirmou o presidente do BC em relação à crise no Japão, que durou 17 anos.
Em relação a 1929, ele afirmou que há divergências sobre o patamar que deve ser considerado na análise. Para alguns economistas, ainda haveria "um longo caminho a percorrer", de queda e de tempo. Para outros, "a crise poderia estar ainda em andamento, mas mais próxima do final do que parece".
O presidente do BC disse que a perda prevista no sistema financeiro internacional com a crise, considerando apenas os problemas dos bancos, é de US$ 1,4 trilhão. Considerando o prejuízo nas bolsas, o valor chega a US$ 30 trilhões.
Meirelles afirmou também que, além do impacto da crise no crédito e nas exportações, há o problema de confiança dos brasileiros. "Crise, crise, crise. Essa é a realidade. A imprensa tem de informar. Muitas vezes as pessoas vêem que tem uma crise no mundo inteiro e decidem ter mais cuidado", afirmou.