postado em 06/12/2008 08:38
Com o agravamento da crise no mundo, o governo local decidiu manter os nÃveis de investimentos programados para 2009 e, com isso, vai rever prioridades. Entre as medidas de maior impacto está a racionalização dos gastos com a folha de pessoal, o que implica uma polÃtica de reajustes ao funcionalismo bem mais criteriosa do que a atual. Categorias que já iniciaram negociações salariais ou mesmo aquelas que finalizaram acordos estão sujeitas a novas rodadas de acertos.
Reajustes no atacado e em grandes proporções estão praticamente fora de cogitação. Os aumentos no próximo ano serão localizados, deverão privilegiar principalmente os setores que amargam as maiores perdas acumuladas ; Cultura e Departamento de Estradas de Rodagem (DER), por exemplo ; ou que são considerados estratégicos para manter a economia do Distrito Federal aquecida. Justamente por não saber ao certo quais serão os impactos diretos e indiretos da turbulência externa sobre o emprego e a renda a partir de janeiro, é que o GDF adotou a cautela como princÃpio básico de gestão da máquina.
Em reunião com o secretariado há duas semanas, o governador José Roberto Arruda (DEM) foi duro. Anunciou que não daria aumento para nenhuma categoria e ainda cortaria o ponto dos servidores que insistissem em reajustes com greves prolongadas. Arruda cogitou, inclusive, publicar um decreto em que deixaria clara a disposição de não conceder aumentos salariais. Depois, voltou atrás. Antes do inÃcio da crise, a expectativa do governo era investir R$ 1,9 bilhão e ainda conceder reajustes médios nos contracheques de até 5,5%. Agora, no entanto, o cenário é preocupante. Por isso, o Executivo local vai priorizar obras, sobretudo nas regiões de baixa renda.
O iminente fechamento das torneiras para o funcionalismo mobiliza os sindicatos. ;Há setores que estão há dois anos sem reajuste. Estamos aguardando e vamos ver até março o que acontece;, disse Evandro Machado, presidente do sindicato Sindser, entidade que representa cerca de 35 mil servidores do GDF. Segundo ele, o diálogo com os gestores está morno porque a cada dia a crise assume proporções inesperadas. ;Mas uma coisa é certa: qualquer aperto sobre o servidor será pior. O governo tem de estimular o consumo e isso só se faz com aumento de salário. Não dá para o servidor arcar com todo o ônus;, completou.
Orientadas a avaliar os reflexos da crise sobre suas áreas as principais secretarias refazem as contas e tentam traçar cenários possÃveis para o próximo ano. ;Estamos esperando para ver qual é o tamanho real desse problema;, resumiu Ricardo Penna, secretário de Planejamento. Em meados deste ano, o governo já estava alerta com uma possÃvel dificuldade em cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, devido aos aumentos salariais concedidos nos últimos anos, principalmente para as áreas de saúde, segurança e educação, pagos com recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal. O governo, no entanto, pretende autorizar o reajuste já acertado com a PolÃcia Civil de 2,68% até o próximo ano e ainda conceder um percentual à PolÃcia Militar.
Impasse
Em campanha por melhorias nos contracheques, os professores reconhecem a gravidade da crise econômica, mas não abrem mão do repasse integral dos Ãndices de correção do Fundo Constitucional. Na proposta orçamentária enviada pela União ao Congresso o fundo foi ampliado em 19,98%, saltando para R$ 7,8 bilhões. Os professores prometem esperar até abril pelo aumento, caso contrário entrarão em greve. Penna adverte que GDF não tem condições de arcar com um aumento dessa ordem. ;Não é possÃvel bancar. Atualmente, já precisamos complementar o fundo em R$ 2,3 bilhões com recursos do caixa do GDF;, disse.
Ouça entrevista com Evandro Machado, do Sindser: