Economia

Vale fecha mina simbólica no interior de MG

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postado em 06/12/2008 09:33
A Vale começa a suspender a extração de minério de ferro no Brasil. Em Itabira (MG), as usinas de beneficiamento da Mina do Cauê foram paralisadas por tempo indeterminado. A mina, descoberta em 1942, é um dos principais símbolos do início das operações da Vale, na época ainda denominada Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). ;Fecharam a mina do Cauê, que operava há mais de 60 anos e de onde é extraído o minério com o maior teor de ferro. A produção era de 24 milhões de toneladas por ano. No dia do fechamento da mina, os trabalhadores até choraram;, revela Paulo Soares, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Itabira e Região. Segundo Paulo Soares, cerca de 400 trabalhadores que trabalhavam na Mina do Cauê receberam o aviso de férias coletivas esta semana. Outros dois mil foram deslocados para a Mina de Conceição, outro importante ponto de extração de minério de ferro da cidade. ;Os funcionários estão entrando em depressão, pois não têm o que fazer lá;, afirma. Segundo o sindicato, a produção diária de minério de ferro em Itabira foi reduzida de 120 mil toneladas para 60 mil toneladas. Esta semana, a Vale anunciou 1,3 mil demissões e férias coletivas para 5,5 mil trabalhadores em todo o país. Mas segundo Paulo Soares, o pior ainda está por vir. ;A informação que temos é que 10 mil empregos diretos estão ameaçados, dos quais sete mil estão em Minas Gerais. Também estão na berlinda 18 mil terceirizados, dos quais 9 mil em Minas;, denuncia. Segundo o sindicalista, só em Minas a Vale emprega 15 mil trabalhadores diretos e mais de 35 mil indiretos. Um maquinista que trabalhava na Vale há 29 anos e pediu para não ser identificado foi uma das vítimas dos cortes na empresa esta semana. ;Em 29 anos de empresa, nunca tive nenhum atestado nem nada contra mim. Sempre cumpri tudo rigorosamente. Mais do que chateado de sair da Vale depois de tantos anos, estou chateado com a falta de respeito, pois eu, assim como tantos outros, vestíamos a camisa da empresa e fomos demitidos sem mais, nem menos;, desabafa. Como ele estava perto de se aposentar, o ex-funcionário da mineradora relata que seu drama é menos pior que de centenas de trabalhadores. ;Tenho colegas (maquinistas) que chegam para trabalhar às 3h, 4h, e o chefe estão lá para demiti-los. E muitos têm filhos pequenos e não terão a aposentadoria para sustentá-los;, afirma. Esta semana, a Vale anunciou a paralisação da extração de níquel na mina de Copper Cliff South a partir de janeiro e o corte na produção de níquel e cobre na mina de Voisey;s Bay, no Canadá. A empresa já havia anunciado suspensão na produção de níquel e redução de extração de outros minérios e metais, como minério de ferro, manganês e ferro-ligas na Indonésia. Reunião Segundo o sindicato, está marcada para segunda-feira uma reunião com a Vale, em Belo Horizonte. ;A empresa quer suspender o contrato dos trabalhadores e flexibilizar o pagamento dos direitos trabalhistas. A proposta que fizeram é fazer contratos sem pagamento de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), recolhimento junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e demitir os funcionários a qualquer momento, mas se a empresa quer fazer serviço sujo, terá uma resposta à altura;, ameaça Paulo Soares. A Vale confirmou a paralisação da usina de beneficiamento da Mina do Cauê esta semana. Segundo a empresa, 380 funcionários estão em férias coletivas, mas negou qualquer demissão em massa. A empresa não confirma a reunião de segunda-feira com sindicato.

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