postado em 09/12/2008 08:26
O Palácio do Planalto recomendou a todos os ministros da área econômica que não se acanhem em ;bombar; o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao terceiro trimestre do ano, que será divulgado nesta terça-feira (9/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O governo está consciente de que os números serão os últimos a mostrarem a economia crescendo a um ritmo próximo de 6%, puxada pelo emprego, pela renda e pelos investimentos, todos em forte processo de desaceleração por causa da crise econômica. O tombo, daqui por diante, será tão grande, avaliam os analistas, que as projeções apontam para retração do PIB no quarto trimestre deste ano e nos primeiros três meses de 2009. Se confirmada tal queda, tecnicamente, o Brasil estará em recessão e encerrando o maior ciclo de crescimento dos últimos 18 anos, segundo a economista Luíza Rodrigues, do Banco Santander.
A partir de agora, reconhece o Palácio, se o PIB crescer perto de 3% em meia um a mundo em recessão já será um feito e tanto. Para 2009, na média, o mercado está prevendo expansão de 2,5%, menos da metade do que se registrará ao longo deste ano ; entre 5% e 5,5%. Em 2010, as estimativas mais otimistas apontam para avanço de 3,5%. ;Os dados do terceiro trimestre marcam o brusco fim de um longo o ciclo de crescimento. Uma queda do PIB no quarto trimestre (na comparação com o trimestre anterior) é praticamente certa, e não dá para esperar nada espetacular para o começo de 2009, com a deterioração anunciada do mercado de trabalho e da demanda internacional;, afirmou Luíza.
Pelas suas contas, o PIB do terceiro trimestre deve ter avançado 1,5% em relação ao resultado de abril e junho e 6,13% frente ao mesmo período de 2007. ;O resultado, se confirmado, deverá marcar o último de seis trimestres com crescimento acima do potencial do país (4,5%). Será uma boa notícia para a inflação. Mas a velocidade da desaceleração da atividade a partir de outubro impressiona;, disse. Segundo Luíza, o resultado do terceiro trimestre se parece muito com o dos 12 trimestres anteriores. ;A economia foi impulsionada pelo investimento, pelo consumo e pela produção. Com a crise, no entanto, um dos motores da economia falhou. O crédito ficou escasso e caro. E as expectativas se deterioraram e o desemprego aumentou;, assinalou.
Na avaliação da economista, do lado da oferta, os dados da pesquisa mensal da indústria do IBGE sinalizam que o PIB industrial (27% do total) cresceu significativamente no terceiro trimestre. ;Mas exatamente o setor que mais impulsionou a indústria neste período, o automobilístico, sofreu severamente com a crise de crédito em outubro e decretou férias coletivas em novembro;, lembrou. ;A crise de crédito também afetou o comércio (10% do PIB), que viu as vendas de bens duráveis caírem drasticamente;, acrescentou. Do lado da demanda, são os investimentos os mais afetados. Tanto que muitas empresas suspenderam todos os projetos de expansão.
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