Economia

Tráfego aéreo deve cair 3% em 2009, diz entidade

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postado em 09/12/2008 15:38
As companhias aéreas, que enfrentam um tráfego reduzido em razão da crise econômica, devem amargar novas perdas e cortar empregos no próximo ano, anunciou nesta terça-feira (9/12) a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). "O futuro é sombrio e a crise crônica de nossa indústria continua, e devemos enfrentar o pior ambiente em termos de faturamento em 50 anos", advertiu o diretor-geral da Iata, Giovanni Bisignani, em entrevista à imprensa em Genebra. Para 2009, a entidade - que representa 230 companhias, ou seja, 93% do tráfego aéreo internacional - prevê uma queda de 3% do transporte de passageiros no mundo. Esta seria a primeira baixa desde 2001, ano dos atentados de 11 de Setembro, que registrou recuo de 2,7%. Em 2008, o tráfego de passageiros ainda cresceu 2%. Com o marasmo econômico, os empresários, preparados para pagar caro para viajar, pegam cada vez menos avião porque suas empresas estão reduzindo ao máximo as despesas. Os turistas, preocupados com o orçamento apertado, preferem partir para lugares menos distantes, ou até ficar em casa. O transporte de mercadorias, atingido em cheio pelo desaquecimento do comércio mundial, deve recuar ainda mais. O tráfego de cargas cairá 5% no ano que vem, depois de ter baixado 1,8% em 2008, segundo a Iata. Queda parecida foi registrada pela última vez apenas em 2001, com 6%. No céu escuro, os transportadores devem ter perdas de US$ 2,5 bilhões em 2009, previu a associação. Em 17 de outubro, ela havia avaliado suas perdas em US$ 4,1 bilhões, mas reduziu a previsão com base nas medidas adotadas desde então pelas companhias americanas contra a crise econômica. Estas últimas reduziram suas capacidades em 10% por causa do inverno, deixando no solo os aviões que mais consomem combustível ou usando aeronaves menores, que reduz os custos. Elas devem ser as únicas no mundo a registrar lucros em 2009: US$ 300 milhões. Os assalariados devem, em todo caso, sofrer muito com a crise. "Haverá inevitavelmente cortes de postos de trabalho", disse Bisignani. Dos 32 milhões de empregados no transporte aéreo e no turismo, o economista-chefe da Iata, Brian Pearce, considerou que pelo menos 1% está em risco. Ou seja, de 300.000 a 400 mil pessoas. Entre as regiões mais suscetíveis, estão Europa e EUA. O setor já perdeu postos em 2008 --mais de 30.000 nos EUA - enquanto que em 2007 foram criados alguns empregos. Para 2008, a associação espera ainda US$ 5 bilhões de perdas em nível mundial, contra os US$ 5,2 bilhões previstos anteriormente. Esta leve revisão se deve à queda dos preços de petróleo desde o pico de meados de julho de quase US$ 150 o barril para os US$ 40 de hoje. Estrangulados pelos preços caríssimos do petróleo, as companhias receberam esta queda de preços como um novo fôlego. Mas não todas, porque algumas, como Air France-KLM, que comprou combustível antecipadamente para se proteger da alta, foram vítimas da própria prudência: elas pagam mais caro do que a commodity está sendo vendida atualmente. A única boa notícia neste céu carregado é que os preços das passagens devem cair em razão da queda da demanda. Segundo Pearce, viajar de avião custará 5% menos caro em 2009 do que em 2008.

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