postado em 09/12/2008 21:12
Os líderes democratas do Congresso americano esperam contornar "nas próximas horas" os últimos obstáculos à votação definitiva, até sexta-feira, de um plano de resgate de US$ 15 bilhões às montadoras General Motors (GM), Ford e Chrysler.
Para as três fabricantes, que estão mergulhadas em uma grave crise de liquidez (dinheiro) e à beira da falência, a aprovação da ajuda gera tensão e ansiedade.
No Senado, o líder da maioria democrata, Harry Reid, disse hoje que, entre "esta noite e amanhã", muito provavelmente os legisladores chegarão a um acordo com a Casa Branca sobre o empréstimo às empresas.
Reid admitiu que ainda restam dois grandes temas a serem discutidos nas negociações, iniciadas na última sexta-feira.
Fontes do Legislativo disseram à Agência Efe que os obstáculos giram em torno da autoridade que teria o responsável por controlar os fundos e acompanhar a reforma do setor. Também falta decidir se a "viabilidade das empresas" seria uma opção ou um requisito para o acesso aos recursos.
Essas pendências refletem a preocupação sobre a forma como GM, Ford e Chrysler devolverão o dinheiro dos contribuintes.
A Casa Branca e os republicanos querem que só recebam ajuda as empresas que comprovarem "viabilidade" a longo prazo.
Reid ainda vai consultar a respeito o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, e tampouco está claro ainda se a votação do plano começará no Senado ou na Câmara de Representantes.
Para aprovar a ajuda, os democratas precisam do "sim" de pelo menos dez republicanos no Senado, e, sem o apoio de McConnell, talvez o partido não consiga os votos necessários.
A proposta inicial é um fracasso porque "não dá garantias aos contribuintes, que, com razão, esperam que sejamos bons guardiões do dinheiro que ganharam com o suor de seu trabalho e que não pediremos a eles que desembolsem bilhões de dólares a mais, a curto ou longo prazo", disse McConnell.
"Esta proposta não vai muito longe. Não exige prestação de contas nem dos diretores nem do sindicato", avaliou.
O plano também não obteve o aval imediato da Casa Branca. "Não haverá financiamento a longo prazo se não conseguirem comprovar sua viabilidade para esse período", disse hoje a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, que seguia para Nova York com o presidente George W. Bush.
Negociações
As negociações também são acaloradas entre as montadoras e os sindicatos do setor, segundo os quais o colapso de apenas uma das empresas causaria milhões de demissões e repercutiria em toda a economia.
Brian Schneck, presidente do Sindicato de Trabalhadores da Indústria Automotiva (UAW, na sigla em inglês) em Nova York, afirmou que estão em jogo 3,3 milhões de "bons trabalhos" e que o empréstimo beneficiaria a classe média.
Porém, a opinião pública não tem apetite para mais resgates: 54% dos americanos são contra o resgate das montadoras, segundo uma pesquisa divulgada ontem para rede de TV ABC e o jornal The Washington Post
De acordo com a proposta em debate, o governo seria o principal credor das fabricantes americanas de automóveis e receberia como garantia o equivalente a 20% do empréstimo em ações.
Condições
GM, Ford e Chrysler terão até 31 de março de 2009 para provar que são viáveis a longo prazo.
Além disso, as montadoras terão que restringir as indenizações e bonificações aos executivos, terão que se desfazer de seus jatos particulares e não poderão pagar dividendos aos acionistas enquanto estiverem devendo ao governo.
O empréstimo seria concedido ao longo de sete anos, com uma taxa de juros de 5% nos cinco primeiros anos e de 9% nos dois anos restantes.
Assim que um acordo definitivo for fechado, o próximo passo será definir se os legisladores poderão ou não propor emendas ao plano.