postado em 11/12/2008 14:52
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse nesta quinta-feira (11/12), em palestra, que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está preocupado com o aumento dos juros "cobrados na ponta" e determinou que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (CEF) façam uma revisão das taxas que estão cobrando. Em entrevista concedida logo após o evento, a ministra explicou que o objetivo do governo é fazer o possível para reduzir o custo de capital e aumentar o volume de crédito. "Me refiro ao spread (diferença entre a taxa de juros de captação e de empréstimo dos bancos)", disse ela, ao ser indagada sobre a determinação presidencial aos bancos públicos.
Segundo a ministra, "como não há aumento no custo de captação, não faz sentido uma cobrança de juros acima do que se fazia antes (da crise internacional)." Ainda segundo ela, o governo quer uma explicação de quais são as razões técnicas "de spreads tão elevados". Ela acrescentou que "o medo não é técnico e obter maior lucratividade em cima da retração brasileira não é correto."
A ministra disse ainda que o presidente Lula pediu uma explicação ao BB e à Caixa sobre os juros cobrados e "determinou uma política mais condizente com razões técnicas para os juros nos bancos públicos".
Indagada se o objetivo governamental não é incoerente com a decisão tomada ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) de manutenção da taxa básica de juros, a Selic, a ministra limitou-se a dizer que não comenta decisões de política monetária.
Investimentos
Dilma afirmou que o governo vai "manter os investimentos intactos" apesar da crise. Segundo ela, o governo brasileiro considera a crise muito grave e maior do que a de 1929, mas ao contrário do que ocorria antes, "o Estado não está quebrado". Citando as reservas brasileiras e o fato de que o país é hoje um credor líquido, a ministra garantiu que o governo tem capacidade de "agir diante da crise, com instrumentos de política fiscal e monetária, e terá condições de fazer frente às turbulências".
Segundo ela, um dos principais objetivos do governo é ampliar o crédito. "As doenças se transmitem pelo sangue e pela saliva. Esta crise é pelo crédito", afirmou, em palestra durante evento na Fiocruz, que está comemorando 90 anos de criação do Serviço de Medicamentos Oficiais do Brasil. "Nós queremos ampliar o crédito, reduzir o custo de capital, aumentar a capacidade de investimento e vamos manter o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), assegurar o investimentos no pré-sal, e manter os programas sociais", disse Dilma.
A ministra afirmou ainda acreditar que o dólar deve se estabilizar entre R$ 2 e R$ 2,50, mas explicou depois, em entrevista, que o governo não trabalha com nenhuma meta cambial e o principal objetivo é que o câmbio fique estável.