postado em 12/12/2008 10:43
As Bolsas européias operam em queda nesta sexta-feira (12/12). As expectativas dos investidores foram frustradas com a rejeição, no Senado dos EUA, do pacote de ajuda às montadoras americanas. Com a rejeição, crescem os temores de que possa haver quebras no setor, aumentando o desemprego no país e aprofundando a recessão em que a economia americana se encontra desde o fim de 2007. Na Ásia e região, as Bolsas fecharam em baixa.
Às 7h51 (em Brasília), a Bolsa de Londres estava em baixa de 2,80% no índice FTSE 100, indo para 4.265,98 pontos; a Bolsa de Paris caía 4,92% no índice CAC 40, indo para 3.143,59 pontos; a Bolsa de Frankfurt tinha baixa de 3,87% no índice DAX, operando com 4.582,91 pontos; a Bolsa de Amsterdã tinha baixa de 4,27% no índice AEX General, que estava com 243,88 pontos; a Bolsa de Zurique estava em baixa de 2,56%, com 5.583,11 pontos no índice Swiss Market; e a Bolsa de Milão tinha queda de 4,51% no índice MIBTel, que ia para 14.637 pontos.
"Parece que o fracasso [na aprovação] do pacote na noite passada está sevindo como uma volta à realidade", informou em uma nota o Saxo Bank.
Um impasse entre senadores republicanos e os sindicatos da indústria automotiva foi a razão do fracasso na aprovação do plano de resgate, de US$ 14 bilhões. Os membros do partido governista exigiam uma redução imediata de salários nas companhias, o que foi negado pelas empresas. Em declaração após a sessão, a Casa Branca declarou que vai continuar buscando alternativas para as empresas do setor.
A medida de ajuda às principais montadoras americanas havia sido aprovada ontem na Câmara de Representantes (deputados). Pelo projeto, as montadoras deveriam ter disponíveis até US$ 14 bilhões para promover reestruturações. A medida não era nem metade dos US$ 34 bilhões pedidos pelas companhias anteriormente. O consenso é que, sem o empréstimo, o colapso das companhias agravaria a crise econômica com a eliminação de milhões de empregos. A GM é a que mais precisava da ajuda, enquanto a Ford disse que só usaria os recursos se sua situação se agravasse.
Em nota, o conselho da GM admite que analisou a opção de uma reestruturação do grupo após um pedido de concordata, "mas não concluiu que isto seja uma solução viável para os problemas de liquidez da empresa". O site do "The Wall Street Journal" informa que o diretor-executivo da GM, Rick Wagoner, "ainda não acredita" na necessidade do pedido de concordata, mas que diante da dura batalha para se obter um empréstimo do governo federal, decidiu "nas últimas semanas contratar assessores externos" para preparar uma eventual quebra.
A expectativa dos analistas é também de que o movimento nos mercados financeiros diminua nos próximos dias, com a chegada dos feriados de fim de ano e com a espera dos investidores pela posse do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, em 20 de janeiro.
Na Ásia e região, a rejeição do pacote no Senado dos EUA também motivou a queda nos negócios. A Bolsa de Tóquio (Japão) caiu 5,56%; em Hong Kong, o índice Hang Seng perdeu 5,48%; a Bolsa de Sydney (Austrália) caiu 2,31%; a de Seul (Coréia do Sul) caiu 4,38%; e a de Xangai (China) perdeu 3,81%.
As maiores quedas foram de ações de grandes fabricantes do setor automobilístico, como Honda e Toyota, que caíram 12,5% e 10%, respectivamente, em Tóquio. Em Seul, a maior queda do dia foi a das ações da Hyundai. Na Bolsa de Hong Kong, ações de companhias relacionadas a commodities --principalmente as petroleiras-- recuaram.
"O que o fracasso desse acordo vai causar é o desânimo não só nos EUA, mas em nível mundial", afirmou Joseph Tan, economista-chefe do banco Credit Suisse em Cingapura.
"Não foi nenhuma surpresa ver os mercados asiáticos em movimento de venda com a notícia da rejeição do plano de resgate às montadoras dos EUA", disse Tim Rocks, da Macquarie Securities em Hong Kong.
Obama
Ontem, Obama afirmou que o país não pode se permitir a quebra das principais empresas automobilísticas americanas. Ele disse que o conjunto de medidas que está sendo debatido no Congresso para resgatar as três empresas é necessário, mas, ao mesmo tempo, é preciso garantir "os interesses dos contribuintes".
No último dia 7, Obama já havia afirmado em uma entrevista à rede americana de TV NBC que não se pode permitir o colapso da indústria automotiva do país, mas qualquer ajuda ao setor deve ter como contrapartida uma completa reestruturação.
"Eu não acho que é uma opção simplesmente deixar que entre em colapso", disse Obama, veiculada neste domingo. "O que nós temos que fazer é dar ao setor assistência, mas essa assistência é condicionada a significativos ajustes. Eles terão que reestruturar [o setor]."