Economia

Bovespa corrige euforia de ontem e tem leve queda de 0,12%; dólar recua

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postado em 17/12/2008 18:38
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) corrigiu a euforia da terça-feira (16/12) com a decisão histórica do Federal Reserve (banco central americano), em um dia de "queda livre" dos preços das commodities (matérias-primas). O câmbio recuou para R$ 2,34 após intervenções do Banco Central. O principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 0,12% no fechamento, aos 39.947 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,10 bilhões, inflado pelo vencimento de opções (contratos que negociam direitos de compra ou venda de um ativo financeiro). O dólar comercial foi cotado a R$ 2,347 para venda, o que representa um declínio de 1,05%. A taxa de risco-país marca 460 pontos, número 0,36% abaixo da pontuação anterior. O preço do petróleo despencou mais de 8,12%, para US$ 40,6 na praça de Nova York (Nymex), apesar da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) ter decidido reduzir a produção dos países-membros em 2 milhões de barris/dia, o maior corte em um só reunião na história do cartel. Somados aos ajustes já decididos nos meses anteriores, a redução total chega a 4 milhões de barris. Pessimismo "O investidor viu nos últimos dias algo que o mercado não via há muito tempo: um período razoável de altas, principalmente ontem com a decisão do Fed (o banco central americano). Alguns papéis importantes como Petrobras, Vale e ações de bancos tiveram alguma recuperação. Isso certamente influenciou alguma realização de lucros hoje (venda de papéis valorizados)", comenta Décio Pecequilo, operador-sênior da corretora TOV. O profissional de mercado salienta que o cenário econômico continua muito nebuloso, o que deixa o investidor ainda extremamente cauteloso. "Nos últimos dias saíram muitas análises contraditórias sobre a crise. Uns dizem que nós caímos numa recessão já no primeiro trimestre de 2009. Outros afirmam que o investidor está com oportunidades históricas para comprar ações", acrescenta Pecequilo. Realmente, a euforia de ontem não foi suficiente para eclipsar o pessimismo de alguns analistas com os rumos da economia global. "O risco de uma múltipla crise econômica e financeira ao longo dos mercados emergentes é, agora, muito maior em comparação com qualquer época desde a Crise Asiática de 1997-1998, sendo que a Europa central e do leste as regiões de maior risco", afirmou David Riley, diretor de rating soberano da Fitch Ratings, em relatório divulgado hoje. Para reforçar o ambiente de dúvidas, um dos maiores bancos americanos, o Morgan Stanley, anunciou nesta quarta-feira uma prejuízo de US$ 2,37 bilhões no chamado quarto trimestre fiscal (encerrado em novembro). Ontem, outro gigante bancário americano, o Goldman Sachs, reportou seu primeiro prejuízo trimestral desde quando lançou ações em Bolsa de Valores, em 1999. Front doméstico No front doméstico, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) revelou que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi de 0,23%, na segunda quadrissemana de dezembro. Na primeira quadrissemana, a variação foi de 0,28%. Fed Ontem, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) surpreendeu e rebaixou os juros primários de 1% ao ano para uma "banda de juros" entre zero e 0,25% ao ano. O mercado já contava com uma redução dos juros primários nos EUA, mas a opção do Fed por uma ´política de juro zero´ foi ainda além do que esperavam os economistas do setor financeiro. A reação inicial foi de entusiasmo dos investidores, mas alguns analistas fizeram reparos à "política de juro zero" do BC americano, já que essa medida não foi eficaz para tirar da recessão o Japão, que adotou a mesma estratégia nos anos 90.

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