Economia

Em janeiro, juro vai cair

Banco Central reduzirá taxa básica para combater a desaceleração econômica brasileira

postado em 19/12/2008 09:29
A taxa básica de juros (Selic) deverá cair 0,5 ponto percentual em janeiro próximo, dos atuais 13,75% para 13,25% ao ano, como contribuição do Banco Central para minimizar os impactos da crise financeira internacional na economia brasileira. Foi essa a conclusão da maioria dos analistas depois da leitura da ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual os juros permaneceram inalterados. Divulgado ontem, o documento mostrou que no BC já vê a inflação de 2009 convergindo para o centro da meta, de 4,5%, em meio a um quadro que combina consumo em queda, produção industrial menor, desemprego em alta e crédito ainda restrito. ;Somente um fato muito sério fará com que o Copom não corte os juros no mês que vem;, disse Flávio Serrano, economista-sênior do Banco BES Investimento. A tendência, segundo Serrano, é de que o Copom promova três reduções consecutivas da Selic em 2009, sendo duas de 0,5 ponto e uma de 0,25. ;A partir daí, os juros ficarão estacionados em 12,5%, permitindo ao BC uma visão mais clara da atividade econômica. Se realmente constatar que a desaceleração será forte, inviabilizando por completo o repasse da alta do dólar para os preços, o BC retomará o processo de corte dos juros;, acrescentou. A baixa da Selic em janeiro, segundo ele, será ditada por dados relevantes que estarão à disposição do Copom: a retração da indústria e do comércio em novembro e os indicativos de um novo tombo em dezembro. É com base nesse cenário, inclusive, que os analistas, endossados pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, falam em queda do Produto Interno Bruto (PIB) de até 1,5% no quarto trimestre do ano. Movimento Na avaliação do economista José Márcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos, em princípio, há espaço para que o Copom promova redução de até dois pontos percentuais no juros, para 11,75%, ao longo de 2009, movimento que poderá até ser acentuado se a inflação cair para um patamar abaixo de 4,5%. ;O BC identificou que a economia está sofrendo dois choques, um inflacionário, outro, deflacionário;, disse. ;De um lado, a significativa arrancada do dólar criou uma inflação potencial, que, em algum momento, pode ser repassada aos consumidores. De outro, a restrição do crédito fez o consumo e os investimentos desabarem. O problema é que não se sabe qual desses choques prevalecerá. Caso o choque deflacionário se sobreponha, os juros terão de cair mais;, frisou. Para os diretores do BC, apesar da certeza de piora da economia em 2009, há muitas incertezas à frente. Por isso, mesmo com os integrantes do Copom tendo discutido a possibilidade de derrubarem a Selic em 0,25 ponto na semana passada, optou-se pela manutenção da taxa por pura cautela. No entender dos diretores do BC, criou-se um cenário mais benigno para a inflação, com o equilíbrio entre oferta e demanda, cujo descompasso vinha sendo o principal motivo para o arrocho na política monetária. Mas é preciso lembrar que a demanda interna se mantinha robusta até o terceiro trimestre, devido ao aumento da renda a da maior oferta de emprego e do crédito. Agora, com o crédito escasso, a economia será movida, basicamente, pelos rendimentos dos trabalhadores. Caso, porém, não sejam suficientes para sustentar um crescimento do PIB em um nível adequado, o estímulo adicional virá por meio dos juros, para deleite do presidente Lula.

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