postado em 19/12/2008 18:34
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) emendou seu terceiro dia de perdas, sem que o pacote bilionário de ajuda às montadoras dos EUA animasse os investidores, que optaram pela cautela nos últimos dias de mercado. O câmbio oscilou com força, mas encerrou o dia praticamente estável, a R$ 2,36.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 1,02% no fechamento para os 39.131 pontos. O giro financeiro já indicou o esvaziamento típico do pregão neste final de ano, com movimento de apenas R$ 3,06 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York, ainda aberta, virou tendência e passa a cair 0,28%.
A ação preferencial da Petrobras, que respondeu por 20% do giro total, sofreu queda de 0,63%. Os preços das commodities caíram bruscamente hoje, com destaque para o petróleo: na praça de Nova York, a cotação do barril despencou 6,6%, para US$ 33,87. No acumulado desta semana, o preço retrocedeu 26,8% apesar dos cortes históricos promovidos pela Organização dos Países Produtores de petróleo (Opep).
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,360 para venda, em leve alta de 0,04%. A taxa de risco-país marca 457 pontos, número 0,88% acima da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou hoje que o governo vai emprestar, em caráter emergencial, cerca de US$ 17,4 bilhões às fabricantes de automóveis Chrylser e General Motors. Os recursos devem ser tirados do pacote de US$ 700 bilhões já aprovado pelo Congresso americano.
Nas últimas semanas, as dúvidas sobre a situação das montadoras foi uma das principais fontes de preocupação de investidores e analistas, devido ao papel fundamental dessas empresas para a economia americana, já combalida pela pior crise em 80 anos.
O anúncio da injeção de dinheiro público nas montadoras já era razoavelmente esperado pelo mercado, mas o "suspense" das últimas semanas foi causa de volatilidade nas Bolsas de Valores.
Ainda no front externo, o banco central japonês decidiu reduzir a taxa básica de juros local, que influencia o custo dos empréstimos bancários, de 0,3% para 0,1%, sem conseguir evitar a derrocada das Bolsas asiáticas, mas estimulando o fortalecimento do dólar.
E o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a taxa de desemprego subiu para 7,6% em novembro ante 7,5% em outubro. Economistas do setor financeiro projetavam 7,4%.
Empresas
Ontem à noite, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou a compra da Brasil Telecom pela Oi, anunciada em abril deste ano por R$ 5,8 bilhões. O grupo Oi informou que em cerca de 30 dias deve lançar o editar para a operação de compra das ações em poder dos acionistas minoritários.
A ação da Oi e da BrT estiveram entre as maiores altas do dia, considerando somente os papéis que fazem parte do Ibovespa. A ordinária da Tele Norte Leste valorizou 6,20%, enquanto a ação ordinária da holding Brasil Telecom Participações subiu 3,94%. Já a ação preferencial da holding Tele Norte Leste, o papel mais negociado do grupo Oi, ascendeu 0,87%. "A alteração do PGO (Plano Geral de Outorgas) e a anuência prévia da Anatel representavam as duas principais incertezas ao sucesso da aquisição da Brasil Telecom pela Oi", avalia a analista Beatriz Battelli, da corretora Brascan, em relatório divulgado hoje. "Em função de acreditarmos que com a aprovação da Anatel as chances de sucesso são ainda maiores, nosso novo "target price´ passou a ser R$ 73,62 [ação preferencial da Telemar Norte Leste Participações]", acrescenta. O papel foi cotado a R$ 35,75 no pregão de hoje.