postado em 22/12/2008 08:43
O freio no consumo da classe C terá impacto no desempenho da indústria, especialmente entre os fabricantes de eletrodomésticos. ;Viemos de três anos de crescimento intenso, puxado pela classe C;, diz Jerome Cadier, diretor de Marketing da Whirlpool, dona da tradicional Brastemp e da popular Cônsul. A empresa esperava crescer 20% neste ano, mas Cardier diz que deverá ;encerrar 2008 com expansão entre 8% e 10% e algo em torno de 3% para o ano que vem.; O executivo não descarta a possibilidade de não crescer em 2009.
A Latina, fabricante de lavadoras semi-automáticas, os populares ;tanquinhos;, também está cautelosa. A empresa espera crescer 5% em 2009. Este ano ampliou em 40% os negócios em novos produtos, como purificadores de água e ventiladores, e cresceu 20% em lavadoras. ;2008 começou bem e terminou mal;, diz o presidente da empresa, Valdemir Dantas. Apesar da revisão nas expectativas, ele acredita que pode se sair bem, mesmo com a estagnação da classe C. ;O consumidor que planejava comprar uma lavadora automática vai se contentar com um tanquinho.;
Para Haroldo Torres, sócio-diretor do instituto Data Popular, os produtos de maior valor, cujas vendas dependem do crédito, serão mais afetados. Mas, na sua avaliação, o sucesso nesse novo mercado depende da capacidade de adaptação. ;A classe C deve reconfigurar sua cesta de consumo, migrando para marcas mais baratas.;
Num primeiro momento, diz Marcos Pazzini, sócio-diretor da Target Consultoria, no susto, as empresas tendem a tirar o pé do acelerador. Mas, com o passar do tempo, devem mudar as condições de venda e até a oferta de produtos para não perder esse mercado.
A Positivo Informática, que tem 60% dos clientes na classe C, alterou a linha de produtos para o Natal. Apesar do aumento dos custos em dólar, manteve os preços dos computadores, mas ajustou a configuração das máquinas: os monitores estão menores e os chips, menos potentes. Essa foi a forma encontrada para manter o ritmo vendas, diz o diretor de Marketing, César Aymoré. ;Como a posse de computadores entre as famílias de classe C é de apenas 25%, há espaço para crescer.; Mas, na dúvida, a empresa aumentou a produção de notebooks para conquistar o consumidor de maior poder aquisitivo. Há um ano, os notebooks representavam 20% das vendas. Hoje respondem por 30%.
A Living, divisão de imóveis econômicos da Cyrela, alterou os critérios para vender apartamentos. A parcela de comprometimento do orçamento do comprador com a prestação, que era de 30%, foi reduzida para 25%, diz o diretor de Novos Negócios, Antonio Guedes. Ele acredita que a empresa fará uma adequação ao novo cenário, mas ressalta que a participação dos imóveis de menor valor total de lançamentos será mantida em 30%.