postado em 29/12/2008 17:16
A inflação deverá ser a parte boa do noticiário econômico em 2009, segundo define o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele fez esta previsão durante entrevista coletiva que concedeu hoje à imprensa para explicar as razões que levaram o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) a mostrar deflação de 0,13% em dezembro e inflação de 9,81% no acumulado do ano - ante 7,75% em 2007.
Quadros começou a sua explanação afirmando que a inflação viveu dois momentos distintos ao longo deste ano. O economista lembrou que até julho o IGP-M no acumulado de 12 meses superou a marca dos 15,00%, fixando-se acima da taxa de 10,00% com que o mercado esperava que o indicador fosse fechar o ano. Isso, de acordo com o coordenador da FGV, se deu em um ambiente de elevada temperatura econômica e forte aquecimento da demanda por todo o mundo. "Naquele período a China ainda estava consumindo quase todas as commodities (matérias-primas) produzidas no mundo", destacou Quadros.
No segundo momento, mais especificamente em meados de setembro, quando se registrou o recrudescimento da crise econômica mundial houve redução das operações para concessão de crédito, queda livre dos preços das commodities, perda de vigor das exportações e conseqüente enfraquecimento da demanda. Tudo isso levou a uma descompressão dos preços industriais que se somou à queda dos preços agrícolas.
Deu-se na esteira destes acontecimentos, de acordo com Quadros, uma desaceleração acentuada do IGP-M, que saiu de uma alta de 1 76% em julho para fechar dezembro em queda de 0,13%, estabelecendo no acumulado dos últimos cinco meses uma taxa de inflação de 2,45%, numa média mensal de cerca de 0,20%. Este segundo estágio da inflação é o que deverá, segundo o coordenador, prevalecer ao longo do próximo ano. Contudo, ele já adianta que não se deve esperar para o ano que vem uma inflação de 2,45%. "Igual ou abaixo dessa taxa certamente não ficará", alerta o economista da FGV. Mas ele prefere não fazer nenhuma previsão, se limitando apenas a dizer que em anos de inflação normal o IGP-M pode, como já ocorreu, fechar em torno de 4%.