postado em 30/12/2008 19:35
A Bolsa de Valores proporcionou um alívio modesto aos investidores no fechamento do ano. A valorização em dezembro, no entanto, nem de longe afastou da Bolsa da posição de pior investimento do ano, contrariando as previsões otimistas do início de 2008. E num ambiente mais turbulento que o previsto, os investidores seguiram um roteiro já visto em outras crise, correndo para o dólar e o ouro neste ano.
Após cinco anos de ganhos consecutivos, o índice Ibovespa registrou uma retração de 41,22% em 2008, sem resistir ao agravamento da crise financeira precipitado a partir de setembro, com a quebra do banco americano de investimentos Lehman Brothers.
No primeiro semestre deste ano, corretoras trabalhavam com projeções na casa dos 70 mil pontos para dezembro, o equivalia a uma valorização de quase 10%, na hipótese menos eufórica dos analistas. Para 2009, com muitas reservas, analistas estimam que o Ibovespa chegue aos 50 mil pontos em dezembro, o que representa uma alta superior a 30%. Esse cenário embute a expectativa de um quadro econômico muito complicado ainda no primeiro semestre de 2009, com a economia mundial iniciando a sua recuperação na segunda metade do ano.
A taxa de câmbio disparou 31,34% ao longo de 2008, puxando a rentabilidade dos fundos cambiais neste ano. O ouro, cuja cotação acompanha de perto a trajetória do dólar, também teve forte alta (32,13%), tendo como referência o contrato negociado na BM (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
Profissionais de corretoras não esperam que o dólar repita esse desempenho em 2009, mas admitem que pode variar entre R$ 2 e R$ 2,50 no ano que vem, provavelmente estabilizando-se em R$ 2,20.
Depois da moeda americana, os investimentos de renda fixa foram mais rentáveis do ano. Os fundos do tipo DI propiciaram retorno de 11,90%, segundo cálculo da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), enquanto os chamados fundos do tipo Renda Fixa tiveram rentabilidade de 12,62%. O cálculo leva em conta dados fornecidos até o dia 24 deste mês.
Já poupança, aplicação mais popular do país, apresenta rendimento de 7,90% no ano. As aplicações de renda fixa são bastante influencias pela trajetória da taxa básica de juros do país, hoje em 13,75%. A maior parte dos economistas considera que a partir do primeiro trimestre de 2009 a Selic inicia um ciclo de baixa, encerrando o ano de 2009 na casa dos 12%.
Essa perspectiva, no entanto, depende do quadro inflacionário: por enquanto, as análises consideram um recuo dos índices de preços no ano que vem, num cenário de desaceleração da economia mundial. Vale lembrar que a inflação surpreendeu os economistas em 2008. Se considerado o IGP-M, referência para o reajuste dos aluguéis, foi de 9,81%. Pelo IPCA-15, a inflação foi de 6,10%. No início do ano, analistas estivam uma inflação abaixo de 5% para os dois indicadores.