Economia

AEB projeta queda de 17,6% nas exportações este ano em função da crise

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postado em 06/01/2009 17:33
A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) previu que a balança comercial em 2009 aponta queda de 17,6% nas exportações, que passarão de US$ 197,94 bilhões para cerca de US$ 163,15 bilhões. Divulgados nesta terça-feira (6/01) pela AEB, os números projetam também retração de 15,7% para as importações (de US$ 173,20 bilhões para US$ 146,03 bilhões), resultando em queda de 30,8% no superávit comercial, que deverá cair de US$ 24,73 bilhões para US$ 17,12 bilhões este ano. A estimativa considerou o atual cenário de instabilidade, gerado pela crise mundial, esclareceu à Agência Brasil o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro. Ele admitiu, contudo, que ;como o cenário está muito volátil, pode até ser que mudem [as previsões] no decorrer de 2009. Mas o cenário que nós temos hoje é esse;. Castro explicou que, apesar da redução de preços no mercado internacional, as commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior) deverão continuar comandando as exportações brasileiras. ;Apesar da queda dos preços, que é bastante forte, as commodities continuam tendo uma participação muito grande nas exportações brasileiras. O que cai são os produtos básicos [-21,7%] e os semimanufaturados [-21,3%], que são compostos principalmente por commodities. Mas, ainda assim, elas continuam tendo peso preponderante na nossa exportação;. A AEB está projetando uma queda de 16,7% na corrente de comércio do Brasil, que deverá diminuir de US$ 371 bilhões em 2008, ou o equivalente a 29,5% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, para US$ 309 bilhões este ano, representando 24,8% do PIB. A expectativa é que essa queda na corrente de comércio acabe provocando uma redução do emprego, alertou Castro. ;Na verdade, o que gera atividade econômica é exatamente o volume de exportação e de importação. Ou seja, eu posso ter um superávit, por exemplo, de US$ 15 bilhões exportando US$ 500 bilhões e importando US$ 485 bilhões, ou exportando US$ 150 bilhões e importando US$ 135 bilhões. Quanto mais eu evoluo a corrente de comércio, maior é o nível de atividade. E como a corrente de comércio vai cair, naturalmente o nível de emprego também diminui;, afirmou. A queda das exportações brasileiras será sentida também na América do Sul, porque todos os países do continente são exportadores líquidos de commodities, principalmente metálicas, disse José Augusto de Castro. ;Como as commodities metálicas principalmente tiveram uma queda muito forte nas cotações, a receita de exportação desses países vai diminuir muito. Então, eles não vão ter dinheiro para poder importar;. Como conseqüência, a AEB está estimando que as exportações do Brasil para a região deverão sofrer redução em torno de 15%. O vice-presidente da AEB reiterou, porém, que essas são as projeções iniciais da balança comercial do Brasil para 2009 e poderão ser alteradas em função dos desdobramentos da crise. A entidade fará nova estimativa em julho. Uma das informações fundamentais para essa revisão diz respeito à safra de soja. Castro ponderou que se houver uma queda na safra, isso irá causar impacto nos preços e nas quantidades exportadas. ;Isso só podemos começar a avaliar a partir de abril, quando terão início as exportações da safra agrícola;, disse Castro. Em termos de produtos, a análise da AEB indica que a pauta de exportações do Brasil continuará sendo liderada pelo minério de ferro, embora a entidade preveja uma diminuição de 15% em sua cotação, nas negociações que devem ocorrer até o final de abril. Castro destacou que, dependendo do mercado, a queda no preço do minério poderá ser ainda maior. ;Mas, neste momento, minério de ferro é o produto com maior estimativa de exportação, com US$ 14,9 bilhões. É o mais importante produto de exportação. Não tem nenhum outro produto que, individualmente, supere os US$ 10 bilhões;. Aparecem em seguida a soja em grão, com previsão de exportação de US$ 7,99 bilhões, petróleo em bruto (US$ 7,92 bilhões), aviões e carne de frango (US$ 4,50 bilhões cada).

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