postado em 07/01/2009 13:34
As vendas de vinho do Porto registraram em 2008 o pior desempenho das últimas duas décadas, caindo 5%, o que leva o setor a reclamar ao governo alterações legislativas que permitam "enfrentar a crise" com mais "flexibilidade".
Em declarações à Agência Lusa, a diretora da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) afirmou que não se pretende alterar "os pilares fundamentais" do setor, como a Lei do Terço ou do Benefício, mas "algumas regras deverão ser simplificadas", até porque "a legislação [em vigor] é muito antiga".
O objetivo é, num contexto mundial de crise de consumo que penaliza muito um setor altamente exportador como o vinho do Porto, "dar-lhe mais flexibilidade para enfrentar a crise, quer no comércio, quer na produção", disse Isabel Marrana.
Apesar de os dados não serem ainda definitivos, a AEVP aponta para uma quebra na ordem dos 5% nas vendas de vinho do Porto, que se segue a um "ciclo de progresso extraordinário" nos últimos anos. Em 2007, as vendas do setor ultrapassaram os 400 milhões de euros e os 10 milhões de caixas de nove litros.
Pelo lado positivo, em 2008 Isabel Marrana destaca a capacidade do vinho do Porto em manter "um reconhecimento e qualidade extraordinários no mundo inteiro", como provam os diversos prêmios internacionais conquistados. "O investimento produtivo [no setor] aumentou e há uma maior qualidade na forma de produzir e elaborar o vinho", citou.
Apontado como estratégico, o mercado dos EUA não teve no ano passado o desempenho esperado, "devido à crise", mas continuará a ser uma grande aposta da AEVP.
Penalizando as exportações tanto para este mercado como para o Reino Unido, estiveram em 2008 os "problemas cambiais", agravados pelo fato de o vinho do Porto ser um produto cujas vendas estão ainda muito concentradas em determinadas ocasiões, como o Natal, e o 3° trimestre do ano ter sido dos mais difíceis.
Para Isabel Marrana, apesar de esta pior performance ser atribuível ao "contexto mundial de crise", há que "fazer uma reflexão", "repensar a eficácia de estratégias" e "eliminar desperdícios". O objetivo é assegurar vendas "a níveis aceitáveis" durante a crise, assim como "manter o produto na sua notoriedade e qualidade".
Em relação ao estudo estratégico para o setor dos vinhos do Porto e Douro, elaborado pelo consórcio Quartenaire/Universidade Católica, a diretora da AEVP acredita que será para dar início já este ano.
A Região Demarcada do Douro é a principal região vinícola do país, responsável por cerca de 80% das exportações dos vinhos portugueses, ao exportar 85% da produção.