postado em 07/01/2009 15:44
A inflação medida pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) deve manter no primeiro semestre de 2009 o movimento de desaceleração observado desde novembro do ano passado, avaliou nesta quarta-feira (7/01) o economista da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros. Ele explicou que diante do quadro de desaceleração econômica no mundo todo em função da crise, dificilmente as taxas de inflação no início de 2009 chegarão a níveis semelhantes aos observados em igual período em 2008.
"É provável que a desaceleração da taxa acumulada em 12 meses continue no primeiro semestre, podendo voltar a níveis observados no final de 2007", afirmou Quadros, que estimou a taxa em 12 meses entre 6% e 8% no final do semestre, dentro do patamar notado no final de 2007.
O IGP-DI fechou 2008 com inflação acumulada de 9,10%, maior patamar observado desde os 12,14% em 2004. Em dezembro, o IGP-DI registrou deflação de 0,44%. O economista da FGV disse acreditar que a manutenção do cenário de deflação não seja uma tendência, mas que a inflação na primeira metade deste ano não deverá ser igual a período semelhante no ano passado.
Quadros lembrou que as commodities estão em queda livre, e que não há qualquer sinal de recuperação da demanda, no curto prazo, que justifique uma recuperação nos preços desses produtos. Desde agosto, as commodities caíram, em média, 50%, pelos valores em dólar.
O IGP-DI acelerou 8,35% de janeiro a julho de 2008, período em que as commodities se mantiveram em alta. De agosto em diante, a inflação não passou de 0,69%. Os preços no atacado contribuíram decisivamente para esses cenários. De janeiro a julho, o IPA (Índice de Preços no Atacado) teve alta de 9,87%. De agosto a dezembro, registrou deflação de 0,06%.
A taxa equivalente em 12 meses para cada período mostra que a inflação de janeiro a julho seria de 14,73%. Já nos últimos cinco meses do ano, não teria passado de 1,19%.
Salomão Quadros observou que, apesar de registrarem movimento de declínio, a maior parte das commodities ainda não voltou a patamares anteriores ao processo de escalada de preços iniciado em 2007. É o caso do minério de ferro, que teve alta de 95,29% em 2008, pelos preços em real. O trigo caiu 16,49% em 2008, mas não compensou a alta anterior que havia sido notada.
Os fertilizantes, por exemplo, registraram elevação de 56,63% no ano passado, apesar das quedas de 9,99% em novembro e de 4,94% em dezembro. Já a nafta reflete a desaceleração do barril do petróleo, com deflação de 45,42% em 2008, influenciada pelas quedas de 28,01% em novembro, e de 28,92% no mês seguinte.