postado em 14/01/2009 18:31
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) voltou a desabar nesta quarta-feira, sem conseguir superar o mau humor generalizado nas Bolsas internacionais, em meio a outros fortes sinais de deterioração da economia americana. Com a queda de hoje, o mercado brasileiro quase apagou todo o ganho acumulado em 2009. O câmbio refletiu esse nervosismo e bateu R$ 2,34, mesmo com uma intervenção agressiva do Banco Central.
A entrada de capital estrangeiro nos primeiros dez dias do ano, e "comemorada" por analistas, já deu sinais de arrefecer nos pregões mais recentes. Os chamados "investidores não-residentes" são responsáveis por cerca de 35% do movimento financeiro da Bovespa.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, retrocedeu 3,95% no fechamento, alcançando os 37.981 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,40 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York, ainda aberta, amarga queda de 3,24%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 2,346 na venda, em alta de 0,81%. A taxa de risco-país marca 462 pontos, número 4,28% acima da pontuação anterior. O BC fez dois leilões de linhas para operações de comércio exterior, repassando um total de quase US$ 1,3 bilhão e, perto do encerramento dos negócios, vendeu moeda (com queima de reservas). "O exportador está precisando de dinheiro, mas os custos já caíram bem. Os bancos está realmente repassando as linhas. Nesse sentido, essas inicialmente foram positivas", comenta Vanderlei Muniz, operador da corretora gaúcha Onnix.
O profissional lembra que, em dezembro, operações de comércio exterior eram fechadas a um custo de 9% em dezembro, que caiu para 6% no início deste mês. Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA informou que as vendas do setor varejista encolheram 2,7% em dezembro ante novembro. Economistas de bancos e corretoras projetavam declínio de 1,2%, depois da perda já acentuada de 1,8% no mês anterior. O Federal Reserve (banco central dos EUA) advertiu nesta quarta-feira que a economia americana deteriorou ainda mais nos últimos dois meses de 2008, sem apontar perspectivas de melhora no início deste ano.
"A atividade econômica continuou a enfraquecer em quase todos os distritos do Fed", afirmou o colegiado de diretores do BC americano, que publicou hoje o famoso "Livro Bege", o documento com dados econômicos coletados nas 12 divisões regionais do órgão.
E os primeiros balanços já divulgados não animaram os investidores: o banco alemão Deutsche Bank informou um prejuízo de 3,9 bilhões de euros (US$ 5,187 bilhões) em 2008, ante lucro recorde de 6,5 bilhões de euros (US$ 8,645 bilhões) de 2007. Já na segunda-feira, a americana Alcoa reportou um prejuízo de US$ 1,19 bilhão de outubro a dezembro do ano passado, o primeiro resultado trimestral negativo da empresa desde 2002.
No front doméstico, o Banco Central informou que o fluxo cambial (entradas e saídas de dólares do país) foi negativo em US$ 873 milhões até o dia 9. No mesmo intervalo do ano passado, foi registrada uma saída de US$ 2,061 bilhões.