Economia

Efeitos da crise se intensificam e aumentam as demissões em todos os setores

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postado em 15/01/2009 08:09
Anúncios recentes não deixam dúvidas de que o Brasil enfrenta uma forte onda de demissões. Nos últimos dias, empresas de grande porte anunciaram corte de pessoal, férias coletivas e planos de desligamentos voluntários (PDV) a fim de adequar a produção à redução do consumo e e enfraquecimento da demanda externa. Essas dispensas se somam às milhares feitas entre outubro e dezembro e que foram concentradas em montadoras, construção civil, indústria têxtil e fábricas de autopeças. Somente ontem foram anunciados corte de pessoal na Suzano Papel e Celulose, siderúrgica Gerdal, Votorantim Metais, Volks e na indústria química Lanxess. Na terça-feira, a siderúrgica Arcelor Mittal comunicou a adoção de PDV. Na Suzano, as demissões somam 180, das quais 110 em São Paulo e 70 na Bahia. O corte, equivalente a 2% da força de trabalho da companhia, inclui empregados diretos e terceiros contratados. De acordo com a empresa, as demissões fazem parte das medidas adotadas para fazer frente ao agravamento da crise econômica. Em dezembro, a Suzano interrompeu parcialmente a produção de celulose da fábrica localizada em Mucuri (BA) e iniciou negociações com fornecedores. ;Acreditamos que com todas as medidas que vimos adotando e os esforços constantes de todos pela redução de custos, estaremos ainda mais preparados e fortalecidos para enfrentar futuras oscilações do mercado provocadas pela crise global;, afirma a companhia em comunicado. Sem volta Na Gerdau, 55 trabalhadores nas unidades em operação no Rio Grande do Sul foram dispensados. Em nota divlgada nesta quarta-feira (15/01), a siderúrgica atribui as demissões à necessidade de ;reduzir custos e adequar a produção à menor demanda por aço;. O corte representa pouco mais de 3% da força de trabalho da unidade (1.200 operários). Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade gaúcha de São Leopoldo, as dispensas podem chegar a 200 nas próximas semanas. ;É muito preocupante, é a pior crise que vivemos desde o início dos anos 90. Esta semana, a empresa demitiu 40 trabalhadores e informou que são irreversíveis outras demissões, que podem chegar a 200 em Sapucaia;, disse o sindicalista Lorricardo de Oliveira. Em Minas Gerais, a Votorantim voltou a conceder férias coletivas na unidade produtora de zinco em Juiz de Fora. De acordo com a empresa, a adoção da medida se deve ;aos impactos da desaceleração da economia global com a consequente redução na demanda internacional por metais; e se torna necessária para adequar o nível de produção e para os ajustes nos custos da empresa. Também em Minas, a Belgo Bekaert, maior fabricante de arames das Américas, está prestes a fechar acordo para suspender o contrato de trabalho por cinco meses, medida que pode afetar 1,6 mil empregados da companhia. Em São Paulo, a Volks confirmou a demissão de 350 funcionários que aceitaram aderir ao PDV. A montadora foi uma das empresas a receberem dinheiro público subsidiado para fazer investimentos. No fim do ano passado, a Volks teve acesso a quase R$ 500 milhões em financiamentos no BNDES. O desemprego também chegou com força na indústria química. A Lanxess anunciou ontem o desligamento de 400 empregados, sendo 50 da Petroflex e 350 terceirizados. O corte equivale a 10% da força de trabalho da companhia, maior fabricante de borracha sintética da América Latina. A desaceleração da economia brasileira provoca milhares de dispensas no setor têxtil. Ontem, a Associação Brasileira da Indústria têxtil (Abit) informou que o setor deve ter perdido cerca de 10 mil postos de trabalho em dezembro. Na construção civil, as dispensas são estimadas em 100 mil.

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