Economia

Crise econômica é prioridade absoluta dos 100 primeiros dias de Obama

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postado em 15/01/2009 14:19
Barack Obama, eleito com a bandeira da "mudança" e da "esperança", vai ter de transformar o teste dos primeiros 100 dias de seu mandato de presidente em uma luta contra a recessão na economia americana. "Iniciamos este novo ano bem no meio de uma crise econômica jamais vista", disse Obama sábado no último pronunciamento antes da posse, num momento em que o ministério do Trabalho anunciava os dados do desemprego de dezembro, com mais de meio milhão de empregos destruídos. "O plano de retomada econômica deve ser a prioridade absoluta. Sem a perspectiva de uma retomada econômica, ele não poderá fazer mais nada", comentou John Pitney, professor de ciências políticas do Claremont McKenna College (Californie, oeste). Há várias semanas, o presidente eleito vem se esforçando para convencer o Congresso a votar rapidamente após a posse, em 20 de janeiro, um plano gigantesco de aproximadamente US$ 800 bilhões em dois anos para relançar a economia. Sua meta: criar ou salvar nada menos que três ou quatro milhões de empregos, dos quais 90% no setor privado. A equipe de Obama espera criar empregos principalmente no setor de construção e na indústria manufatureira. Nestes tempos problemáticos, a chegada à Casa Branca de Barack Obama não pôde deixar de ser comparada à de Franklin Roosevelt em 1933, em plena crise econômica. O presidente do "New Deal", amplo plano de retomada pelas grandes obras de infra-estrutura, havia enviado ao Congresso um número recorde de projetos de lei assim que assumiu o poder. Em 100 dias, os parlamentares aprovaram quase tudo o que ele queria. Mas, segundo Thomas Mann, do grupo de reflexão Brookings Institution, "o conceito de 100 dias não tem grande significado". Segundo ele, o período é muito curto e constitui "apenas um começo". "O período dos 100 dias permitirá a Obama lançar seu plano, mas ele não verá resultados concretos em pouco tempo", reconheceu John Pitney. Além do gigantesco tamanho do plano de retomada, que não deve reencontrar muita oposição no Congresso, que teve a maioria democrata reforçada na eleição de 4 de novembro, Obama se antecipou pedindo o desbloqueio dos US$ 350 bilhões restantes do plano de resgate do setor financeiro. Ele vai tentar usar este montante, a partir das primeiras semanas de sua presidência, para tentar relançar o crédito, principalmente no setor imobiliário. Em política externa, os desafios são também enormes, com a promessa feita durante a campanha de restaurar a imagem dos EUA no mundo, extremamente abalada pelos oito anos da presidência de George W. Bush. No conflito israelense-palestino, Obama deve acompanhar o resultado das eleições legislativas israelenses de fevereiro em Israel para determinar sua posição. Mas ele vai ter de agir com urgência. No Iraque, a retirada anunciada das tropas americanas e o forte aumento no frente afegão serão os dois assuntos sobre os quais se espera uma ruptura com a política da administração Bush. O campo de Guantánamo Bay será fechado, mas visivelmente não nos primeiros meses, disse Obama, assumindo o risco de decepcionar alguns de seus eleitores.

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