Economia

IGP-10 tem maior queda em 15 anos com redução generalizada dos preços

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postado em 15/01/2009 15:38
A queda dos preços no atacado se generalizou pelos setores pesquisados e fez com que o IGP-10 registrasse o menor índice desde 1993, quando o levantamento começou a ser feito. A deflação de 0,85% do índice geral foi influenciada diretamente pela redução dos preços das commodities no mercado internacional, que vem anulando o efeito da alta do dólar, ainda que essa pressão venha ficando cada vez menor. O economista da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros, ressaltou que o efeito do câmbio já foi mais forte. Ele disse que o cenário de deflação atual é diferente de todos os demais observados na era do Real. "Quando houve outras reduções, havia um forte efeito do câmbio. O efeito da queda das commodities está sendo mais forte", afirmou. "Isso pode ser chamado de desmoralização cambial. O câmbio não é mais o mesmo", completou, em tom de descontração. Os preços no atacado tiveram redução de 1,50%, a maior queda desde junho de 2003, quando a deflação havia sido de 1,49%. Quadros destacou que a redução de preços se alastrou, com "fortes desacelerações e aprofundamentos das quedas". Entre os setores avaliados no IPA (Índice de Preços no Atacado), 78,16% tiveram variação negativa. Foi o caso dos produtos alimentícios, cuja deflação de 0,94% intensificou a queda verificada em dezembro (-0,15%). A retração dos alimentos no atacado foi influenciada pelo custo da carne bovina (-5,17%), aves (-3,64%) e do óleo de soja refinado (-2,54%). Os produtos derivados do petróleo caíram 2,80%, com destaque para o QAV (querosene de aviação), cuja retração foi de 15,38%. Os produtos químicos, que tem o segundo maior peso dentro do IPA, ficaram 3,28% mais baratos, ante queda de 2,12% em dezembro. O destaque foi a amônia, cuja redução chegou a 25,69%. Carros Os automóveis também ficaram mais baratos no atacado, segundo o IGP-10 de janeiro. A retração chegou a 8,56%, depois de alta de 0,85% em dezembro. O resultado reflete a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os carros, em vigor desde 12 de dezembro. Para o consumidor, a redução do custo dos automóveis chegou a 3,44%, depois de variação negativa de 0,03% em dezembro. De um modo geral, apontou Quadros, a queda dos preços no atacado está chegando ao varejo. A questão é que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que subiu 0,62% -- mesma variação de dezembro -- sofre influência de outros custos, como os serviços. "Tivemos aumento das tarifas de ônibus urbano, cuja alta foi 1,50%, e das mensalidades escolares", observou Quadros. O grupo Educação, Leitura e Recreação teve alta de 1,22% em janeiro, ante elevação de 0,41% no mês anterior. Os cursos formais ficaram 1,68% em janeiro, depois de estagnação em dezembro. Hortaliças e legumes (8,04%) e frutas (2,12%) também pressionaram os custos para consumidor. Juros O novo movimento de deflação é mais um argumento para que o BC (Banco Central) baixe a taxa Selic de juros, opinou Salomão Quadros. Para ele, está claro que houve redução tanto da demanda quanto do consumo. "A inflação não é motivo para preocupação e a chance de convergir para a meta é muito grande", afirmou Quadros, que vê espaço para um corte acima de 0,5 p.p. (ponto percentual), mas não imagina que o BC deixará o conservadorismo de lado.

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