postado em 18/01/2009 09:04
Todos os sete países mais industrializados do mundo, reunidos sob a sigla G-7, estarão em plena recessão no fim deste trimestre. A crise internacional não poupará nenhum deles. Segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) no último Panorama Econômico Mundial, as economias avançadas devem experimentar uma retração de 0,3% em 2009. O mundo só continuará prosperando por causa da contribuição das nações em desenvolvimento, impulsionadas pelo desempenho principalmente da China e da Índia. Juntos, os emergentes devem crescer 5,1%, puxando a expansão mundial para os 2,2% estimados pelo Fundo.
Os números apontados pelo Banco Mundial (Bird) no relatório Expectativas para a Economia Global 2009 são um pouco diferentes, mas indicam a mesma realidade. Segundo as estimativas dos técnicos do Bird, os países de renda alta sofrerão uma contração de 0,1% neste ano, enquanto os em desenvolvimento crescerão 4,5%. Com a exclusão de China e Índia, o avanço cai para 2,9%, ainda um resultado bom. Na projeção, a expansão da economia mundial será de 0,9% no ano. Apesar do cenário de muita incerteza, o Bird se arriscou a fazer apostas quanto ao ano que vem: crescimento de 2% nos países ricos, 6,1% nos emergentes e 3% no mundo.
O Fundo ressalta que a contração nas economias avançadas será a primeira desde o período pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945). ;A recuperação deve começar no fim de 2009;, estimam os técnicos. Segundo o relatório, a economia dos Estados Unidos vai sofrer com a forte depreciação nos preços dos ativos financeiros e dos imóveis ; a crise começou com a inadimplência no setor imobiliário, se espalhando para os outros segmentos de crédito, empresas e trabalhadores. Na Zona do Euro, as complicações serão a deterioração das condições financeiras e da confiança dos agentes econômicos. No Japão, as exportações serão muito prejudicadas.
Perspectivas
Entre os emergentes, o FMI acredita que os mais afetados serão os países com dificuldades para financiar déficits no balanço de pagamento e os exportadores de commodities (produtos com cotação internacional), visto que os preços estão caindo bastante. Na avaliação dos técnicos, ainda há muitas razões para preocupação quanto ao impacto potencial dos elementos financeiros da crise na economia real. O principal risco seria a magnitude do processo de adaptação dos bancos a um grau menor de exposição de suas carteiras de crédito, pois retiradas abruptas de capital dos países emergentes podem criar desequilíbrios cambiais e desordem econômica.
Hoje, cinco países do G-7 já estão em recessão: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália e Canadá. Os EUA, responsáveis pela geração de um quarto das riquezas mundiais, ainda não experimentaram retração no Produto Interno Bruto (PIB) por dois semestres seguidos, o que configuraria uma recessão técnica. Mas o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, órgão responsável por calcular os ciclos econômicos no país, anunciou que a recessão é uma realidade desde dezembro de 2007. O Reino Unido vai inapelavelmente afundar no buraco quando saírem os números do último trimestre de 2008 e a França deve acompanhá-lo neste primeiro trimestre.
As perspectivas para este ano são péssimas. Nas previsões do FMI, só o Canadá conseguirá andar para frente, com um pequeno crescimento de 0,3%, depois de sair da recessão atual. A maior queda deve ser mesmo no Reino Unido, que teve o sistema bancário fortemente abalado com a crise (-1,3%). A Zona do Euro, grupo de 15 países que usam a moeda comum europeia, já está em recessão e deve cair 0,5% em 2009. Os demais membros do G-7 também fecharão o ano no vermelho: Estados Unidos (-0,7%), Alemanha (-0,5%), Japão (-0,2%), França (-0,5%) e Itália (-0,6%). Para os emergentes de ponta, conhecidos pela sigla Bric, a expectativa é bem melhor: Brasil (3%), Rússia (3,5%), Índia (6,3%) e China (8,5%).
Prevenção
Muito criticado por ter fechado os olhos à farra financeira nos países desenvolvidos, o FMI está quebrando a cabeça para propor soluções. O principal artigo da última edição da revista Finance and Development, publicada pelo Fundo, propõe mudanças na regulamentação do setor para prevenir crises futuras. Escrito pelo economista Noel Sacasa, do Departamento Monetário e de Mercado de Capitais do Fundo, o texto defende quatro ações básicas: aperfeiçoar os sistemas para medir o risco das operações financeiras, aumentar a transparência dos riscos tomados pelos bancos, expandir a regulação comum entre as instituições e os países e criar mecanismos para ações coordenadas mais eficientes.
;Uma regulação mais efetiva é necessária para concretizar o potencial de mercados financeiros abertos;, escreveu Sacasa. Segundo ele, os investidores não devem usar as notas dadas aos ativos financeiros pelas agências de classificação de risco em substituição a uma análise própria e acurada do risco embutido no negócio. Da mesma forma, o economista sugere que os órgãos de supervisão deixem de usar essas classificações nas suas regras de regulação. ;Todas as instituições financeiras alavancadas, assim como qualquer entidade significativamente ligada a elas, devem ser postas sobre o mesmo guarda-chuva regulatório.;
Países industrializados
Projeção de expansão de 0,1 %
Países em desenvolvimento
Projeção de expansão de 5,1 %