Economia

Sindicatos cobram do governo proteção para emprego na crise

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postado em 19/01/2009 08:29
As principais centrais sindicais do país vão cobrar nesta segunda-feira (19/01) do governo medidas de proteção ao trabalhador em meio ao avanço da crise mundial. Entre as entidades, há a sensação de que o Palácio do Planalto privilegia de forma exagerada os patrões ao não exigir contrapartidas a uma série de vantagens fiscais concedidas até agora. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que convocou a reunião de emergência para o fim da tarde, ouvirá sugestões e críticas. Os sindicalistas defendem a garantia incondicional do emprego como forma de manter a economia girando. Reivindicam, por exemplo, que os setores beneficiados com menos impostos e mais prazos não demitam sob nenhuma hipótese, e que os bancos públicos sejam mais rigorosos na concessão de crédito aos que descumprirem esse pacto. A ampliação do seguro-desemprego para 10 meses, em vez de três a cinco meses, como é atualmente, também estará em discussão. As centrais dizem concordar ainda com alguma flexibilização das leis trabalhistas, mas não cogitam redução de salário. Na queda-de-braço verbal travada com os empregadores, os sindicatos afirmam que muitas empresas que faturaram como nunca nos últimos dois anos usam a crise como pretexto para dispensar. ;A saída não pode ser a redução do trabalho ou da renda. Tem gente querendo dar tiro no próprio pé;, diz Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Apesar de concordar com uma espécie de pauta unificada, a CUT apresentará ao presidente Lula alternativas recém-discutidas internamente. Uma delas é a de que o governo federal estimule os governos estaduais a, assim como a União, baixarem tributos de segmentos considerados sensíveis ou que estejam em dificuldades. ;O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) poderia ser reduzido por um determinado tempo. Mesmo que a receita caia, haverá a manutenção do emprego e do consumo;, explica Henrique. Blindagem Propostas macroeconômicas darão o tom mais tenso da reunião entre Lula e os sindicalistas. Na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) definirá o futuro da taxa básica de juros (Selic) ; hoje em 13,75% ;, os representantes dos trabalhadores vão pressionar o presidente para que o corte seja agressivo. ;Não dá para os juros continuarem como estão. Queremos uma redução de pelo menos dois pontos percentuais;, resume Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical. Segundo ele, o governo perdeu tempo ao desdenhar da crise no ano passado. ;O presidente Lula e os ministros não acreditavam muito que um dia o Brasil poderia ser atingido. Ela chegou e chegou com força;, completa. A União Geral dos Trabalhadores (UGT), terceira maior central sindical, encaminhou ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, uma lista de propostas voltadas à proteção da economia real. Em sintonia com CUT e Força, a UGT prega a manutenção do emprego a qualquer custo, mas acredita que se nada for feito para blindar pequenas e microempresas o Brasil terá dificuldades ainda maiores. ;Se não houver políticas específicas para canalizar recursos para esses setores, aí sim vamos ter problemas pela frente;, justifica Ricardo Patah, presidente da entidade. Analistas de mercado admitem que os riscos de o país mergulhar em uma onda de desemprego são cada vez mais reais. Na velocidade com que a crise está se alastrando, se nada for feito, o Brasil poderá encerrar 2009 com uma taxa de desocupação de dois dígitos. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

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