postado em 20/01/2009 08:21
O presidente do BC, Henrique Meirelles, admitiu nesta segunda-feira (19/01), durante cerimônia de comemoração dos 10 anos de vigência do sistema de câmbio flutuante no Brasil, que a crise mundial chegou com tudo no país. ;Este é um momento sério. É um momento grave. É um momento em que estamos vendo uma série de indicadores econômicos preocupantes;, afirmou. Com essa declaração, segundo os especialistas, Meirelles não só sacramentou a queda da taxa básica de juros (Selic) que será divulgada amanhã, como sinalizou que o corte será mais forte, entre 0,75 e um ponto percentual, do que o imaginado. O objetivo é reverter o mais rapidamente possível o tombo registrado pela produção e o consumo ; o Brasil está à beira da recessão.
O recado de Meirelles foi passado de improviso pouco antes de o presidente Lula receber a informação do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, de que, somente em dezembro do ano passado, foram fechados 654,9 mil postos de trabalho, o pior desempenho para todos os meses segundo o Ministério do Trabalho. O emprego é a grande bandeira da administração Lula. Nos últimos anos, a criação de vagas com carteira assinada foi vital para que a popularidade do governo aumentasse junto à classe média, na qual a rejeição a Lula era enorme.
Apesar da forte retração na economia e da onda de desemprego, o presidente do BC ressaltou que o Brasil está melhor posicionado para enfrentar as intempéries. Além disso, destacou ele, ;o governo brasileiro está preparado para tomar todas as medidas necessárias; para enfrentar ;essa crise da melhor maneira possível;. A contribuição do BC, disse um assessor do Palácio do Planalto, será uma ;rápida e significativa; redução dos juros. Lula espera que a Selic feche o ano em 10%, ante os atuais 13,75%, a segunda taxa mais elevada do mundo, atrás apenas da praticada na Venezuela, país mergulhado no caos econômico.
A certeza de que, desta vez, o BC optará pela ousadia levou o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, a refazer as contas e a apostar em baixa de um ponto percentual da Selic. A maioria dos analistas prevê, porém, corte de 0,75 ponto, como mostrou a pesquisa Focus do BC. ;É verdade que o nível de atividade da economia despencou. Mas ainda há muitas incertezas pela frente, que justificam a postura mais gradualista do BC;, ressaltou Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora.
Segundo Fernando Montero, economista-chefe da Corretora Convenção, quanto mais rápido os juros caírem, mais rápida será a reação da produção e do consumo. A seu ver, é possível prever um encolhimento de até três pontos percentuais para a Selic, que recuaria para 10,75%. O consenso do mercado aponta, contudo, para juros de 11,25% no fim do ano.