Economia

Governo tem números indicando queda no PIB brasileiro por dois trimestres

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postado em 31/01/2009 09:17
Dados preliminares que andam circulando pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central indicam que, tecnicamente, o Brasil já está em recessão. Os indicadores mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) fechou o último trimestre de 2008 com retração entre 1,5% e 2% e a perspectiva é de que a atividade se retraia entre 0,5% e 1% nos primeiros três meses deste ano. Diz a teoria econômica que, com dois trimestres consecutivos de redução do PIB, a economia está em recessão. ;Infelizmente, já estamos vendo o país em recessão. Dificilmente, esse quadro não se confirmará. Até setembro do ano passado, a economia estava crescendo a uma velocidade acima de 100 quilômetros. Com a crise mundial, houve uma parada brusca e, agora, a atividade (produção e consumo) está andando para trás;, disse ao Correio um dos mais influentes técnicos do governo. Até o início do ano, o Ministério da Fazenda admitia redução de 1% para o PIB, mas trabalhava com saldo positivo no acumulado entre janeiro e março. À medida, porém, que os reais efeitos da crise foram aparecendo, esse cenário, considerado positivo ante o estrago visto nos países mais ricos do mundo, começou a se deteriorar muito rapidamente. ;Já estamos dando o primeiro semestre como perdido. O que temos de fazer, e estamos fazendo, é tomar as medidas necessárias para que a produção e o consumo recuperem o fôlego no segundo semestre e o PIB contabilize crescimento, mesmo que pequeno;, afirmou um assessor do presidente Lula. ;Vamos continuar dizendo que a nossa meta de expansão para o PIB é de 4%. Mas se fecharmos 2009 com crescimento de 2% já será um feito;, admitiu. Dentro do BC, há rumores de que, com a economia em frangalhos, a instituição reduza a previsão de aumento para o PIB no próximo relatório de inflação, a ser divulgado no final de março. ;Os 3,2% anunciados no fim do ano passado estão nos parecendo otimista demais;, comentou um técnico do banco. A nova projeção do BC será baseada, inclusive, nos dados oficiais do PIB do quarto trimestre, que será conhecido em 10 de março, primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), da qual deverá sair o anúncio de corte de mais um ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), dos atuais 12,75% para 11,75% ao ano. A se confirmar os números esperados pelo governo e os projetados pelo mercado, de retração do PIB de até 2,5%, será o pior trimestre para a economia em 17 anos. Na avaliação dos técnicos da Fazenda, a perspectiva é de que a produção ; que caiu entre 10% e 12% em dezembro passado ; só volte a mostrar alguma força a partir de abril ou maio, quando os estoques que hoje abarrotam os pátios da indústria e do comércio. ;Mesmo assim, será um processo lento de recuperação;, destacou um dos técnicos. Para ele, há setores, como o automotivo, o siderúrgico, o de metalurgia e o químico, em que a produção encolheu mais de 50% por causa da falta de crédito, que vão ;penar; por uns bons trimestres. ;Nem as medidas adotadas pelo governo para destravar o crédito nem a queda da Selic serão suficientes para reverter, de imediato, os nós que ataram a economia;, assinalou outro técnico. ;Mas, ressalte-se, não fossem essas medidas, a situação seria ainda pior;, frisou. O processo recessivo, segundo Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, se refletirá, principalmente, nas taxas de desemprego. Pelas suas contas, o índice calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), saltará dos 6,8% do fim do ano passado, para até 11,5% ao longo de 2009.

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