Economia

França anuncia plano anticrise, mas sem previsão de crescimento

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postado em 02/02/2009 15:51
O primeiro-ministro francês, François Fillon, divulgou em detalhes nesta segunda-feira (2/02) um plano de reativação da economia, mas admitiu que a medida pode não ser suficiente para evitar a recessão e o aumento do desemprego. Acompanhado de 18 ministros e secretários de Estado, Fillon viajou em um trem de alta velocidade, que foi chamado de "trem da reativação", da capital francesa até Lyon, onde deveria presidir um comitê interministerial. Na sede do governo civil, rodeado por um imponente dispositivo policial para manter à distância 500 manifestantes, Fillon apresentou o fundo de "26 bilhões de euros (US$ 33 bilhões) votado pelo parlamento para dinamizar as atividades". Manifestações Para o primeiro-ministro, o plano de reativação, baseado em investimentos, representa uma resposta às dúvidas, aos temores e aos questionamentos feitos quinta-feira passada nas manifestações realizadas em toda a França. Mais de dois milhões e meio de manifestantes, segundo os sindicatos - pouco mais de um milhão, conforme a polícia -, protestaram contra a política do governo de Nicolas Sarkozy para enfrentar a crise, na semana passada. Ajuda a empresas e infra-estrutura Mais de um terço do fundo anunciado por Fillon (11,5 bilhões de euros) servirá para a tesouraria das empresas em dificuldades. O Estado também considerou mil projetos já programados, que serão antecipados mediante a injeção "a partir desta semana" de 10,5 bilhões de euros de fundos estatais e mais de 4 bilhões de euros investidos por empresas públicas. Concretamente, 870 milhão de euros serão destinados a 149 obras de infraestrutura de transporte, 731 milhões de euros ao ensino superior e pesquisa e 620 milhões a renovação do patrimônio. Desaquecimento No entanto, estes créditos novos, que pesarão no orçamento do Estado, não livrarão a França do desaquecimento econômico mundial, admitiu Fillon. Anteriormente, a ministra da economia, Christine Lagarde, afirmou que duvida muito que haja crescimento positivo na França em 2009, destacando que espera dados muito ruins para o quarto trimestre de 2008, com uma queda sem precedentes da produção industrial. Neste contexto de crise da indústria, somente no mês de dezembro passado, 45 mil pessoas entraram para a lista francesa de desempregados. 'Irresponsável' No entanto, Fillon descartou outra resposta à crise, dizendo que as críticas, inclusive as que vêm de seu próprio campo político, não fazem sentido. O primeiro-ministro disse considerar também "irresponsável" a proposta da oposição de reativar a economia através do consumo. Sobre a possibilidade de a França ser considerada atualmente como "em quebra", o primeiro-ministro francês destacou que se tratava de uma "palavra exagerada" e que o país está em "uma situação muito melhor que a de outros países europeus".

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