postado em 03/02/2009 21:29
O aumento nas importações de produtos como fios é, para o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, um dos principais fatores que influenciaram a desaceleração da produção industrial do setor durante 2008. E isso, segundo ele, pode ser constatado ao se analisar a Pesquisa Industrial Mensal Produção Física: Brasil, divulgada nesta terça-feira (3/02) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
;A pesquisa reflete o momento difícil com o qual tradicionalmente a indústria têxtil lida, e que a crise associada às importações acabaram potencializando isso;, disse Pimentel. É comum, para o setor representado pela Abit, contabilizar uma queda de produção a partir de meados de dezembro por ser este o ;período de varejo;, no qual vende-se o que foi produzido ao longo do ano.
Segundo o diretor da Abit, 2008 foi um ano de ;antecipação e aprofundamento dentro de um cenário mundial negativo;, e os danos para o setor foram potencializados em decorrência do aumento das importações de fios. ;A situação de câmbio favorável para importações e as consequências do custo-Brasil, que prejudicaram as exportações, foram fatores determinantes para essa queda;, avaliou.
Pimentel explica que os produtos comercializados pelo setor representado pela Abit possuem características que, relacionadas à pesquisa divulgada pelo IBGE, podem ser considerados bens de consumo semi-duráveis (vestuário, por exemplo), destinado ao consumidor final; ou bens intermediários (têxtil), que fornece insumos como fios ou tecido para outras indústrias agregarem valor antes de chegar ao consumidor final.
E foi justamente a área têxtil - com aspectos de bens intermediários - que teve queda mais acentuada em consequência das importações.
;Até a fase aguda da crise, as importações físicas desses produtos vinham crescendo 20% ao ano. Era simplesmente o dobro das vendas de varejo, que cresceram apenas 10%;, afirmou. Pimentel acrescentou que, no mesmo período, a produção das confecções crescia 5%, e a produção da indústria têxtil 1,5%.