Economia

Reajuste médio dos alimentos passa de 0,36% em dezembro para 0,75% em janeiro

Aumento faz IPCA encerrar primeiro mês de 2009 em 0,48%. Mesmo com preços em alta, tendência é de novas reduções na taxa Selic

postado em 07/02/2009 07:55
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para o sistema de metas do governo, registrou alta de 0,48% em janeiro, superando todas as estimativas do mercado, que variavam entre 0,35% e 0,47%. A arrancada foi puxada pelos alimentos, cujo reajuste médio passou de 0,36%, em dezembro, para 0,75% no mês passado, e pela passagens de ônibus urbanos, com elevação de 3,24%. O reajuste dos ônibus, por sinal, respondeu, sozinho, pela maior contribuição para o IPCA ; 0,12 ponto percentual. ;Por causa das eleições do ano passado, muitos municípios adiaram os aumentos das passagens de ônibus. Agora, eles estão vindo com tudo;, afirmou o economista-chefe da Corretora Concórdia, Elson Teles. Segundo o IBGE, das 11 capitais pesquisadas, em seis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Recife, Salvador e Curitiba, houve reajuste dos ônibus urbanos. Esse movimento está sendo acompanhado por outras capitais, como Brasília, que, há um semana, elevou em 50% o valor da passagem dos micro-ônibus, de R$ 1 para R$ 1,50, e do metrô, de R$ 2 para R$ 3. ;Com certeza, esses novos aumentos vão aparecer no IPCA de fevereiro;, disse a economista Irene Machado, da Gerência de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação de fevereiro, inclusive, deverá ser ainda maior, encostando em 0,60%, devido, além do encarecimento do transporte público, ao forte reajuste das mensalidades e dos materiais escolares. ;Mas não há com o que se preocupar. O que estamos vendo são reajustes sazonais, que não tendem a se repetir no restante do ano;, destacou Irene. Ela ressaltou que, no grupo alimentação, as maiores altas foram computadas pelo feijão preto (que saiu de uma queda de 6,95%, em dezembro, para um aumento de 0,84%), pelo feijão carioquinha (de baixa de 19,02% para elevação de 3,47%), pelas frutas (de recuo de 1,09% para reajuste de 2,98%), pela batata inglesa (de aumento de 1,87% para 15,01%) e pela cenoura (de 7,75% para 18,24%). ;O feijão foi prejudicado pela redução da safra no Paraná, devido à falta de chuvas;, explicou a técnica do IBGE. ;Os demais produtos também foram afetados pelo excesso de chuvas;, acrescentou. Altas disseminadas Apesar das ressalvas de Irene Machado, com exceção do grupo vestuário, que apresentou reversão nos preços ; a alta de 0,99% baixou para 0,05% ;, todos os demais segmentos acompanhados pelo IBGE contabilizaram aumento. No grupo habitação, o avanço foi de 0,28% para 0,49%, por causa, sobretudo, de aluguéis e condomínios, reajustados pela inflação passada. Entre dezembro e janeiro, a correção média dos aluguéis passou de 0,56% para 1,01% e a dos condomínios, de 0,08% para 1,09%. Já os artigos de residência saíram de uma deflação de 0,04% para uma alta de 0,45%, influenciados pelos eletrodomésticos, com alta de 0,77%, e pelos aparelhos de tevê e som, com elevação de 1,09%. ;Possivelmente, nesses casos, pode ter havido algum repasse da alta do dólar, já que vários insumos para a fabricação de eletroeletrônicos são importados;, destacou Elson Teles. Tal repasse também é apontado para justificar o encarecimento dos remédios, que migraram de uma deflação de 0,11%, em dezembro, para uma alta de 0,61% em janeiro. Em função desse reajuste dos medicamentos, o grupo saúde e cuidados pessoais teve aumento de 0,55% ante 0,32% de dezembro. ;Apesar do quadro benigno, é preciso cautela;, afirmou o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa. Ele destacou que, em relação a janeiro de 2008, quando o IPCA bateu em 0,54%, o resultado do mês passado foi positivo. Na média, os núcleos da inflação, que excluem as maiores baixas e as maiores altas, também se mostraram comportados, ficando em 0,35%. No acumulado de 12 meses, o IPCA recuou de 5,90% para 5,84%.

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