Economia

Ex-diretores de bancos britânicos se dizem ´arrependidos´

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postado em 10/02/2009 13:26
Os ex-diretores dos bancos britânicos RBS e HBOS fizeram nesta terça-feira (10/02) publicamente um ato de contrição por seu papel na crise financeira e admitiram que é preciso rever as remunerações do setor, enquanto a polêmica sobre os "bônus" dos executivos esquenta no Reino Unido. Dennis Stevenson e Andy Hornby, respectivamente ex-presidente e ex-diretor-geral do HBOS, e seus ex-rivais do Royal Bank of Scotland, Tom McKillop e Fred Goodwin, prestaram depoimento durante mais de três horas na comissão de Finanças da Câmara dos Comuns, em uma audiência transmitida ao vivo pela televisão. Sob os olhares dos deputados e diante das câmaras, cada um deles manifestou seu "profundo arrependimento e pediu desculpas" por terem fracassado em prevenir a crise financeira, que quase provocou a falência de seus estabelecimentos e levou-os a uma nacionalização parcial. Tom McKillop admitiu que a compra do banco holandês ABN Amro (maior aquisição da história do setor bancário, realizada em 2007 por RBS, Fortis e Santander) "foi um grave erro". "Nós pagamos muito alto pelo ABN Amro, e tudo o que pagamos não valia a pena", disse McKillop. O ex-diretor geral do Royal Bank of Scotland Fred Goodwin também fez sua mea-culpa, agora que o banco deve registrar perdas anuais recordes, de mais de 30 bilhões de euros. "Já pedi desculpas e estou feliz de fazer isso novamente", afirmou. Nos dois planos de resgate anunciados em novembro e em janeiro pelo governo britânico, o RBS está prestes a ser comprado em quase 70% pelo Estado, que detém também 43,4% do capital do Lloyds Banking Group, dono do HBOS (Halifax-Bank of Scotland). Depois de admitirem ter carecido de perspicácia e fracassado na previsão da crise, eles destacaram que as responsabilidades eram de todos. "Eu não acho que ninguém tenha previsto que as coisas fossem piorar tão rapidamente como aconteceu, e não acredito, para ser honesto, que o Banco da Inglaterra tenha antecipado a crise", disse Goodwin. Hornby, no entanto, aderiu ao discurso dos que pedem uma reforma dos "bônus", os famosos prêmios acusados de terem seduzido os empresários da City a assumir riscos exacerbados na esperança de enormes ganhos, e que estão atualmente nos bastidores do governo. Bônus Na segunda-feira, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown declarou que se opõe totalmente à "cultura dos bônus" nos bancos, advertindo que "não se pode recompensar o fracasso". "A cultura dos bônus a curto prazo acabou", disse Brown, em coletiva de imprensa, enquanto cresce a indignação no Reino Unidos pelos planos dos bancos nacionalizados de pagar onerosos prêmios a seus executivos. "Não haverá recompensas para o fracasso", afirmou o premiê britânico. "Só serão premiados os êxitos sustentáveis a longo prazo", acrescentou. As informações de que o Royal Bank of Scotland pretendia pagar a seu pessoal cerca de um bilhão de libras esterlinas (US$ 1,5 bilhão, 1,1 bilhão de euros) em bônus no presente ano causou indignação no Reino Unido.

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