Jornal Correio Braziliense

Economia

Polícia Federal prende dupla de fraudadores de concursos

PF descobre uma tentativa de golpe no concurso que seleciona agentes penitenciários. Professor de matemática fez a prova no lugar de um comerciante, usando carteira de identidade falsa

Uma tentativa frustrada de fraudar o concurso para agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) terminou na prisão de dois homens. A Polícia Federal chegou à dupla depois de uma denúncia feita na sexta-feira pelo Departamento de Inteligência do Depen. Eles (um comerciante de Taguatinga e um professor de matemática) são acusados de tentativa de estelionato, falsidade ideológica e uso de documento falso. Ao todo, podem ser condenados a até 12 anos de prisão mais multa. O delegado Wesley Almeida garantiu que o fato é isolado, não justificando alteração no andamento do concurso, que não será alterado. ;Foi um acontecimento pontual que nada tem a ver com organizações criminosas. Também não houve participação da Funrio ; organizadora do concurso ; ou do Depen;, disse. De acordo com Almeida, na sexta-feira já se tinha a suspeita de que a fraude ocorreria. No domingo, quando a prova foi realizada em Brasília e em outras seis cidades, o professor de matemática se apresentou portando uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) com a própria foto e dados do comerciante de Taguatinga. A irregularidade não foi identificada pelo fiscal de prova mas, segundo a PF, o caso estava sob controle. Na saída da prova, o professor foi abordado e questionado sobre detalhes de identificação, como os nomes dos pais. O falso candidato não soube responder com precisão e acabou confessando o crime. Enquanto isso, outra equipe da PF prendia o comerciante, que também admitiu a fraude. De acordo com o delegado Maurício Rocha, que também participou da operação, o candidato combinou que, se fosse aprovado e nomeado, pagaria de cinco a 10 salários previstos no edital (R$ 20 mil a R$ 40 mil) ao professor. ;Ainda que não fosse pego nesta fase da seleção, o candidato seria descoberto antes de tomar posse;, esclareceu Rocha. A PF ainda pretende esclarecer como os acusado conseguiram o documento falso. Edital Nesse concurso, o Depen abriu 656 vagas de agente penitenciário federal. A função exige nível médio completo e remuneração de R$ 4.034, incluindo gratificação de desempenho. Esses servidores vão trabalhar na vigilância e custódia de presos de alta periculosidade, pertencentes a quadrilhas ligadas ao tráfico de drogas, sequestros, assassinatos e assaltos a bancos. Os aprovados vão trabalhar nas unidades de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO), que estão prontas. Cerca de 250 agentes serão destinados para cada uma dessas localidades. O restante vaitrabalhar em Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS), que estão funcionando desde 2006 e foram contempladas pelo primeiro concurso do Depen em 2005. Além das provas ocorridas no domingo, os candidatos passarão por provas de aptidão física, psicológica, avaliação de antecedentes criminais e curso de formação em Brasília, no qual os matriculados receberão 50% do valor do salário. Ouça entrevista com Maurício Rocha, delegado da Polícia Federal