postado em 18/02/2009 14:27
O Brasil entrou em ambiente econômico de recessão, conforme critério adotado pela Sondagem Econômica da América Latina, feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica da Universidade de Munique (IFO). A pesquisa consultou 137 especialistas em 16 países da região, que indicaram piora na situação atual da economia e das expectativas para os próximos seis meses. Com isso, o Índice de Clima Econômico (ICE) registrou o menor nível da série histórica iniciada em janeiro de 1990 (2,9 pontos).
O coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicos da FGV, Aloisio Campelo, explicou que a sondagem mapeia os ciclos econômicos, e não definem se as economias estão realmente em retração. "Pelo critério qualitativo que adotamos, o momento atual está no quadrante recessão", afirmou.
O critério adotado pela FGV estipula que, quando o Índice da Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE) ficam abaixo dos 5 pontos, está configurada uma fase recessiva.
Pela sondagem de janeiro, o ISA do Brasil caiu de 7,3 pontos para 4,7 pontos, entre outubro e janeiro. Apesar de o IE ter melhorado de 2,7 para 3,1 pontos, ainda não se pode dizer que há um quadro otimista.
"Deve-se levar em conta que o Brasil está no limite. O resultado daqui é superior ao do restante da América Latina e do mundo", observou Campelo. Para ele, é possível que as economias da América Latina tenham quedas no quarto trimestre de 2008 e nos primeiros três meses deste ano.
Desde outubro de 2001, após o atentado de 11 de setembro, que não se configurava ambiente recessivo, pelos critérios da pesquisa, tanto no Brasil quanto na América Latina. No Brasil, o quadro, naquela época, foi complicado ainda mais pelo racionamento de energia.
O ISA de toda a América Latina ficou em 3,4 pontos - menor índice desde outubro de 2002 - e o IE caiu para 2,3 pontos, recorde histórico negativo. O quadro de tendência recessiva na região já estava configurado desde outubro.
O ICE da América Latina permanece ligeiramente superior à media do resto do mundo (2,8 pontos), mas as expectativas quanto ao futuro da economia no curto prazo estão ainda mais em baixa. No restante do mundo, houve pequena aceleração entre outubro e janeiro (3 para 3,1 pontos), enquanto na América Latina, houve recuo de 2,5 para 2,3 pontos.
"Isso pode estar ligado ao fato de que os países da América Latina sentiram os efeitos da crise um pouco depois, já que vinham crescendo baseados principalmente na forte demanda do mercado por commodities. Há uma espécie de efeito retardado", comentou Campelo, acrescentando que a média mundial é composta por países como China e Índia, que têm resultados melhores do que os países desenvolvidos.