postado em 18/02/2009 18:43
O mercado reagiu de forma bastante modesta ao anúncio do plano bilionário dos EUA para socorrer os mutuários em atraso. A preocupação com o setor financeiro ainda influencia os negócios e travou a recuperação das Bolsas de Valores. O câmbio bateu R$ 2,35.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 0,43% e alcançou os 39.674 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,16 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York teve leve alta de 0,04%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 2,352, em alta de 1,03%. A taxa de risco-país marca 435 pontos, número 3,76% abaixo da pontuação anterior.
"Esse plano vai ter efeito principalmente para os americanos. Em nível externo, vai ajudar muito pouco. O que vai ser efeito mesmo vai a recuperação e o ajuste dos bancos. É essa preocupação que está afetando todo o mercado", resume Reginaldo Galhardo, diretor de câmbio da corretora Treviso. "Os prejuízos dos bancos [no trimestre passado] vieram muito grandes e todo mundo está com medo de que, novamente, grandes instituições financeiras possam entrar em "default´[suspensão de pagamentos]", acrescenta.
O Banco Central divulgou que o fluxo cambial do país (entrada e saída de dólares) ficou positivo em US$ 1,026 bilhão na primeira quinzena de fevereiro. No mesmo período do ano passado, foi registrada uma entrada de US$ 800 milhões. Entre as principais notícias do dia, o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou um pacote de US$ 75 bilhões que pode beneficiar até 9 milhões de proprietários com dívidas hipotecárias. O governo americano também elevou a ajuda às gigantes do setor de financiamento imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, orçado inicialmente em US$ 100 bilhões, para US$ 200 bilhões cada uma. Ambas estão sob intervenção federal desde setembro de 2008.
"No fim, todo nós estamos pagando um preço por essa crise hipotecária. E todos nós vamos pagar um preço ainda maior se permitirmos que ela se aprofunde", disse o presidente. "Mas se agirmos de modo ousado e rápido para deter essa espiral descendente, todos os americanos vão se beneficiar", afirma.
Ainda sobre os EUA, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) revelou que a produção industrial do país contraiu 1,8% (ainda pior do que o previsto por analistas; e o Departamento de Comércio dos EUA publicou que o número de permissões de construção e obras de casas novas em andamento em janeiro atingiu o nível mais baixo em meio século.
As notícias não foram muito melhores no setor corporativo: o grupo financeiro holandês ING anunciou prejuízo líquido de 729 milhões de euros (US$ 917,3 milhões) em 2008, contra um lucro de 9,241 bilhões de euros (US$ 11,628 bilhões) no exercício de 2007. Já o francês Société Générale informou lucro de 87 milhões de euros (US$ 109,4 milhões) no quarto trimestre do ano passado, revertendo as fortes perdas no balanço de 2007, mas advertiu que "o ambiente provavelmente continuará desafiador em 2009".