postado em 19/02/2009 19:16
Em carta encaminhada aos funcionários, o presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, responsabilizou a crise pela demissão de mais de 4 mil funcionários e afirmou que a situação não é passageira. Ele admite que a empresa assumiu um novo e menor patamar de entregas e que a atividade industrial caiu 30%.
Curado reforçou que a crise financeira não é um problema temporário. "que pode se resolver a curto prazo e que poderia viabilizar algum tipo de solução transitória". "Estamos, sim, diante de um novo patamar de entregas, bem menor do que aquele dos últimos dois anos, e sem uma clara visibilidade de quando poderá voltar a crescer".
As demissões vão atingir cerca de 20% do efetivo de 21.362 empregados da empresa e se concentram na mão-de-obra operacional, administrativa e lideranças, incluindo a "eliminação de um nível hierárquico de sua estrutura gerencial".
O presidente afirmou que, a "despeito dos esforços positivos" do governo brasileiros e de outros países, "a situação mundial ainda continua se deteriorando e não se prevê reação a curto prazo".
"As regiões que vinham crescendo em importância em nossa carteira de pedidos, como Oriente Médio, Ásia e América Latina, também vêm sofrendo fortes desacelerações econômicas, com impactos diretos e imediatos sobre a atividade de transporte aéreo," O executivo também relembra na carta comunicados anteriores, de novembro do ano passado, quando alertava que nem mesmo a extensa carteira de pedidos seria suficiente "para assegurar receita futura, pois a efetiva capacidade de os clientes receberem suas aeronaves é que ditaria nosso ritmo e nível de produção".
"Nesse últimos quatro meses verificamos uma crescente adversidade para as linhas aéreas em todo o mundo e tivemos um grande número de solicitações de adiamento de aeronaves, com impacto direto sobre nossas entregas, receitas e cadências e produção".
O presidente também afirma na carta que a situação foi agravada nos últimos meses com o mercados de aviação comercial em "uma espiral descendente, causando uma quase paralisação de novas vendas e grande quantidade de pedidos de cancelamentos e adiamentos das encomendas existentes".
"Apesar de todos os esforços junto aos clientes nesse período, tanto da aviação comercial quanto executiva, fomos impactados por um grande volume de adiamentos, muito deles por mais de dois anos, e já não é mais possível sustentar os atuais níveis de produção e entregas planejadas para 2009".
Atividade industrial
Segundo o presidente, de forma agregada, a atividade industrial da Embraer está se reduzindo em mais de 30%, "o que torna absolutamente inevitável que façamos um ajuste em nossa estrutura e base de custos".
"No total, meus colegas, cerca de 20% de nossas pessoas estão nos deixando nesse momento e muito de nós, que atravessamos diversas fases da vida de nossa empresa, sabemos exatamente como esse momento é difícil para todos, não apenas para aqueles que saem, mas também para os que ficam".
Curado esclarece que, em meio as demissões, reduzirá cargos de chefia e termina ressaltando que a Embraer já passou por crises anteriores e que, se a empresa retomar o ritmo verificado antes do agravamento da crise, poderá recontratar no futuro.