Economia

Agricultores argentinos iniciam greve contra política de Cristina Kirchner

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postado em 20/02/2009 11:11
Agricultores argentinos iniciaram nesta sexta-feira (20/02) uma greve de cinco dias contra a política agrária do governo de Cristina Kirchner. "Vamos interromper a comercialização de produtos agropecuários", anunciou Mario LLambías, um dos líderes da chamada Mesa de Enlace que reúne 250 mil produtores. As entidades rurais esperam medir sua força numa assembleia convocada para esta sexta-feira na cidade de Leones, província de Córdoba (centro), onde é esperada uma presença em massa de agropecuaristas. O setor argentino anunciou na quinta-feira uma nova greve de cinco dias em todo o país. O anúncio causou surpresa, uma vez que, momentos antes, o governo havia anunciado aceitar negociações com as organizações agropecuárias. "Devido à seca, os produtores perderam grande parte de sua produção", disse Carlos Garetto, dirigente patronal. "A gravidade da crise não permite mais adiamentos", anunciaram os agricultores, que, no ano passado, puseram em xeque a presidente com greves e bloqueios de estradas, até conseguirem, no Congresso, derrotar uma proposta do governo de aumento dos impostos sobre as exportações agrícolas. A Argentina, um grande fornecedor mundial de alimentos, registrou vendas externas em 2008 de quase US$ 35 bilhões em produtos agrícolas primários e agroindustriais; mais de 50% desse total corresponderam a impostos cobrados pelo fisco sobre as exportações. A situação, no entanto, se agravou nos últimos meses, em conseqüência dos graves efeitos da crise global, que resultou em uma forte queda da demanda por alimentos e dos preços dos produtos agrícolas, somada à pior seca registrada na Argentina em meio século. A presidente peronista havia se recusado a reduzir os impostos, em uma veemente posição mantida com a qual soube domar a fragmentada porém forte oposição de centro-direita, dentro e fora da esfera peronista. "Eles precisam entender que esse dinheiro (dos impostos) é usado para pavimentar as estradas produtivas, manter o câmbio competitivo (3,54 pesos por dólar) e subsidiar combustível e energia para as indústrias", declarou Kirchner em um ato público. Apenas com o plantio da soja, cultivo dominante no território argentino, a renda fiscal gerada por impostos sobre as exportações chegaram a US$ 8 bilhões no ano passado. "Queremos que os impostos (sobre a soja) caiam a zero", pedem os agricultores. "Não há sustentabilidade fiscal ou social se os que possuem maior rentabilidade não aportam dinheiro", justificou-se a presidente.

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