postado em 20/02/2009 14:27
Desfiles menos extravagantes, festas mais modestas e menos champanhe: a Semana de Moda de Londres, que completa 25 anos, teve início nesta sexta-feira (20/02) sob o impacto da crise, que obrigou alguns criadores a apresentar suas coleções outono-inverno 2009 em manequins de plástico.
A festa da moda londrina, cidade que conta boa parte da história da moda e estilo mundial, acontece depois da semana de Nova York e um pouco antes das de Milão e Paris - duas capitais da Alta Costura -, e começou com os desfiles de Paul Costelloe e Caroline Charles, dois dos estilistas britânicos mais estabelecidos, que apresentaram criações marcadas por cores outonais como ocre, marrom-dourado e telha.
Outros estilistas não puderam apresentar este ano suas coleções nas passarelas de Londres - que nessa edição vão contar com cerca de 5 mil compradores, jornalistas e celebridades - graças à recessão, que no setor de moda atinge principalmente o Prêt-à-Porter, livrando a Alta Costura.
"O custo de um desfile, que dura cerca de dez minutos, pode oscilar entre 25.000 a 40.000 libras no mínimo (36.000 a 58.000 dólares, 28.000 a 45.000 euros,)", disse o estilista Duro Olowu ao jornal britânico Daily Telegraph.
Como alguns de seus colegas, entre eles Maria Grachvogel - que veste estrelas de Hollywood como Scarlett Johansson e Angelina Jolie - Olowu, eleito Novo Estilista de 2005, optou por uma modesta "apresentação" para os compradores e jornalistas, evitando pagar os altos cachês das modelos internacionais e substituindo as beldades por manequins de plástico.
"No atual clima econômico, acredito que é hora de se concentrar na criatividade autêntica e não na extravagância supérflua", declarou o estilista, explicando que a recessão obrigou vários criadores a "reexaminar suas estratégias".
O presidente do Conselho Britânico de Moda (BFC), Harold Tillman, responsável pela organização da semana londrina que acontece na enorme tenda vizinha ao Museu de História Nacional, enfatizou a importância da "moda sustentável" como uma maneira de combater a recessão e as mudanças climáticas.
"A moda sustentável é o futuro", disse Tillman minutos antes do desfile da grife Estethica, que reúne estilistas comprometidos com a ecologia e o desenvolvimento sustentável.
Grande sinal da crise são os vários criadores que farão desfiles em salas menores, entre eles o jovem Christopher Kane, considerado pela crítica de moda britânica um dos estilistas com maior futuro internacional, e que teve no ano passado um desfile regado a muito champanhe. Outro sinal de tempos difíceis são os convites, que como na Semana de Moda de Nova York, tiveram que abrir mão da originalidade e apresentar cartões modestos ou apenas e-mails.
Apesar de todo o clima pesado da economia em crise, a semana de Londres contiua apresentando uma festa de cores, tecidos, cortes modernos, modelos exóticas e celebridades. Entre os estilistas que provocam maior expectativa estão o escocês Julien MacDonald, o dueto britânico-brasileiro Basso e Brooke, Giles Deacon, que recebeu em 2006 o prêmio de Estilista do Ano, e Peter Jensen, um dos jovens criadores promovidos pela grande loja britânica Topshop, cujas coleções correm o mundo.
Participam também da semana de Londres John Rocha, de origem sino-portuguesa, Ely Kishimotola, Betty Jackson, Louise Goldin, Temperly London, Nicole Fahri e Jasper Conran, que vão mostrar o jeito "british" de lidar com a crise.