postado em 21/02/2009 15:42
A crise bateu pesado no fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país, cujos recursos são destinados à produção e a geração de empregos. Em janeiro deste ano, com as economias mais ricas do mundo em recessão e o capital arredio, os investimentos totalizaram US$ 1,9 bilhão, com queda de 60% em relação a janeiro de 2008, quando bateram em US$ 4,8 bilhões.
O resultado surpreendeu o Banco Central, que havia projetado um ingresso de US$ 2,5 bilhões. Segundo o chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes, houve uma remessa inesperada, de US$ 600 milhões para os Estados Unidos, referente à venda da participação acionária do Citibank na Brasil Telecom.
As turbulências internacionais também afetaram a disposição dos brasileiros em viajar para o exterior. As despesas com viagens, que até setembro do ano passado vinham crescendo de forma acelerada, recuaram 24%. Com isso, o rombo nessa conta caiu 33%, para US$ 251 milhões, depois de ter alcançado US$ 380 milhões em janeiro de 2008. Em fevereiro, até sexta-feira (20/02), o déficit nas viagens somava US$ 101 milhões. Na avaliação de Altamir, dois fatores justificam tal retração. O primeiro, a alta do dólar que encareceu o turismo fora do país. O segundo, a retração na renda, devido à forte desaceleração da economia, que resultou em uma onda de desemprego, sobretudo na classe média. Essa diminuição da renda está afetando, inclusive, os turistas estrangeiros, que cortaram em 17% os gastos no Brasil.
Segundo Altamir, apesar de todos os estragos da crise, o balanço de pagamentos do país ; no qual são contabilizadas todas as operações com o exterior ; está se ajustando rapidamente e ;sem dor;. ;Não há nenhum problema com as contas externas;, assegurou. Ele destacou que, no ano passado, quando o Brasil registrou um buraco superior a US$ 28 bilhões nas transações correntes, a piora se deu por meio do aumento das remessas de lucros e dividendos (de US$ 22,4 bilhões para US$ 33,8 bilhões) e do encolhimento de US$ 15,2 bilhões no saldo da balança comercial.
Em janeiro, a despeito do superávit comercial menor, o rombo nas transações correntes caiu de US$ 4 bilhões para US$ 2,7 bilhões, devido, sobretudo, às remessas menores (de US$ 3 bilhões, em janeiro do ano passado, para US$ 698 milhões). ;Mantido o ritmo atual de déficit das transações correntes (US$ 1 bilhão em fevereiro), é possível que o saldo negativo fique abaixo dos US$ 25 bilhões que projetamos para o ano;, acrescentou.