postado em 23/02/2009 13:24
São Paulo - Conselheiros independentes do Departamento do Tesouro começam a estudar "seriamente" a possibilidade de que as montadoras americanas GM (General Motors) e Chrysler tenham de ser protegidas sob o "Chapter 11", o capítulo da legislação americana que regulamenta as falências e concordatas, segundo reportagem desta segunda-feira (23/02) no diário americano "The Wall Street Journal" ("WSJ").
Embora seja uma tarefa "delicada", os conselheiros ligados ao governo para lidar com a questão das dificuldades financeiras em que ambas as montadoras se encontram, continua a busca por uma solução que não envolva o recurso à legislação de falência americana. Mesmo assim, "todas as opções continuam sobre a mesa", diz a reportagem, citando uma fonte próxima do processo.
"Pessoas envolvidas nas negociações com representantes do governo Obama dizer que a opção pelo "Chapter 11´ por parte das duas montadoras preciosa ser seriamente considerada", diz o texto.
Na semana passada, as duas empresas apresentaram seus planos de reestruturação ao Congresso, como contrapartida pela ajuda de US$ 17,4 bilhões oferecida a ambas em dezembro do ano passado. As duas empresas solicitaram uma quantia suplementar --US$ 5 bilhões para a Chrysler, que já obteve US$ 4 bilhões, e até US$ 16,6 bilhões para a GM, que já conseguiu US$ 13,4 bilhões.
A GM, além disso, anunciou planos de cortar até 47 mil funcionários de suas fábricas em todos os países, 26 mil deles, fora dos Estados Unidos, e fechar cinco fábricas no país. A Chrysler, por sua vez, planeja cortar 3.000 postos de trabalho e suspender a produção de três modelos, além de estudar uma parceria com a italiana Fiat.
As vendas da GM tiveram queda de 10,8% em 2008, com a montadora perdendo pela primeira vez na história a liderança em vendas no mercado automobilístico mundial para a rival japonesa Toyota Motor. A GM vendeu, no ano passado, 8,35 milhões de unidades, contra 9,37 milhões em 2007. A Toyota, por sua vez, viu uma queda de 4% em suas vendas em 2008, em relação ao ano anterior, com 8,97 milhões de unidades.
O executivo-chefe da GM, Rick Wagoner, disse, segundo o "WSJ", que os cenários de uma eventual concordata da empresa são "arriscados" e "caros" e só serão buscados como último recurso. "Ainda não tivemos discussões profundas com o governo (...) Eles nos disseram para nos reunirmos e discutirmos o assunto. Fizemos isso no plano de viabilidade da GM, por isso acho que podemos entrar no assunto do financiamento" para que continue a operar enquanto os procedimentos para entrar no "Chapter 11" são debatidos, disse.