postado em 24/02/2009 02:12
A Cúpula de líderes do G20 financeiro, prevista para dia 2 de abril, em Londres, testará a efetiva disposição política das grandes economias desenvolvidas e em desenvolvimento a encontrar soluções para evitar uma recessão ainda mais profunda na economia mundial, acredita o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. O grupo, do qual o Brasil faz parte, concentra 90% do Produto Interno Bruto mundial (PIB).
Será um teste de sua habilidade em transformar vontade política em ação. Também testará a capacidade dos mecanismos existentes em lidar com desafios globais, afirmou Lamy , em visita hoje (23) Seul (Coréia do Sul). Estamos passando pela pior recessão econômica desde a Segunda Guerra Mundial. Nenhum país está imune crise. O comércio está encolhendo, o crescimento está em declínio e o desemprego está crescendo, disse.
Lamy falou, ainda, que em épocas de crise é fundamental recuperar a confiança nos mercados. Ele recomenda aos governos sanear, com urgência, os balanços dos bancos nesta segunda-feira, o Tesouro americano anunciou justamente novas regras de socorro aos bancos em crise, com possibilidade, inclusive, de estatizações.
O diretor-geral da OMC também recomendou aos governos que mostrem se seus planos individuais de estímulo econômico estão integrados a um esforço global. O futuro não está claro e ainda é cedo para sabermos se estamos no fundo desta recessão ou se é apenas o começo. Mas uma coisa é certa: a profundidade e a extensão da crise serão um exercício para a capacidade dos países de integrarem uma ação global e de reinjetarem a confiança em nossos sistemas econômico e social, afirmou.
A adoção de medidas protecionistas pelos países ricos em seus pacotes de enfrentamento da crise financeira internacional também continua preocupando a Lamy. Os governos devem mostrar que o entorno comercial mundial não está se degradando, que as pressões isolacionistas estão controladas, disse.
Ele lembrou, ainda, que no primeira cúpula do G20 financeiro, em novembro, em Washington, os líderes concordaram em evitar, nos 12 meses seguintes, o surgimento de novas barreiras aos investimentos e ao comércio e a imposição de novas restrições s exportações. Também pediram a rápida conclusão da Rodada Doha para que o comércio impulsione a recuperação da economia mundial Os mesmos apelos foram feitos pelos chefes de Estado e de governo do G7 as sete economias mais industrializadas do mundo em reunião em Roma, há duas semanas.
Manter um ambiente de comércio aberto, justo e transparente é vital para a recuperação econômica. Concluir as negociações da Rodada Doha é a um fruta pendurada ao nosso alcance. É o caminho mais fácil para estimular os países em desenvolvimento, que não podem arcar com pacotes muito caros. Isso pode ser feito, isso deve ser feito e estou confiante que será feito, afirmou Pascal Lamy.