postado em 25/02/2009 08:50
O Citigroup e o Departamento do Tesouro dos EUA estão próximos de um acordo que vai dar cerca de 40% de participação no banco para o governo norte-americano em troca do fortalecimento do capital da instituição financeira, de acordo com o "Financial Times".
Segundo pessoas próximas às negociações, o anúncio pode ser feito nesta quarta-feira (25/02) ou amanhã, mas o acordo ainda não foi fechado, e o governo de Barack Obama precisa aprovar o plano apresentado pelo Citigroup. Entre os detalhes sendo discutidos, diz o jornal, estavam o valor dos papéis do banco e a participação do governo na instituição.
Pelo acordo, parte dos US$ 45 bilhões que o governo norte-americano tem em ações preferenciais do banco seria convertida em papéis ordinários - até o máximo de 40% de participação na instituição. Outros acionistas como fundos soberanos e de pensão também poderiam converter seus papéis preferenciais, e o Citigroup poderia levantar mais capital com a oferta de ações - reduzindo significativamente o valor dos investimentos dos seus atuais acionistas.
O avanço das negociações e, especialmente, as declarações do presidente do Fed (BC dos EUA), Ben Bernanke, de que o governo não pretende estatizar bancos ajudaram as ações do Citigroup a terem um dia de alta expressiva: 21,5%. Os papéis do rival Bank of America, que tem sido igualmente alvo de rumores de estatização, subiram 21%. O presidente do BofA, Ken Lewis, reiterou ontem que o banco não pretende pedir mais dinheiro ao governo americano e que ele tem perspectivas "muito superiores às da maioria dos nossos competidores".
Bernanke negou que os EUA pretendam usar o "teste de estresse" a que serão submetidos os maiores bancos do país como pretexto para a estatização das instituições. Segundo ele, o governo vai comprar ações preferenciais dos 19 maiores bancos caso os testes determinem que eles precisam de mais dinheiro. Esses papéis, complementou, só serão convertidos em ações ordinárias se as perdas estimadas pelo governo realmente se confirmarem.
Os testes de estresse devem começar hoje e determinarão se os bancos precisam de mais capital caso a crise se agrave. As instituições que não conseguirem levantar capital privado receberão dinheiro do governo.
Nos últimos dias, com o avanço dos rumores, tem aumentado o debate sobre a necessidade de os EUA estatizarem os bancos. Bill Gross, administrador do fundo Pimco, disse que o governo precisa priorizar o estímulo ao crédito e a prevenção de arresto de casas, e não a estatização. "Se vocês acham que o Lehman Brothers [cuja concordata, em setembro de 2008, detonou o agravamento da crise], só esperem e vejam o que a estatização do Citi ou do BofA vai fazer." Já o economista Nouriel Roubini, um dos que mais acertam sobre a crise, voltou a afirmar que a estatização é a melhor saída. "Se não fizermos isso, arriscamos a ficar como o Japão, que ficou com bancos zumbis por uma década."