Jornal Correio Braziliense

Economia

Insatisfeita, Caesb quer aumento maior para água

Reajuste autorizado pela agência reguladora do DF de 3,09% é considerado baixo e empresa insiste em reposição de 8,11%

A partir de amanhã a conta de água vai ficar 3,09% mais cara no Distrito Federal. O reajuste, autorizado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa), não agradou à Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), responsável pelo serviço. A concessionária queria mais, pediu 8,11% para ;manter o equilíbrio econômico-financeiro da empresa;. Mesmo aquém do esperado, o percentual vai ser aplicado em março. A Caesb promete tentar convencer a Adasa de que precisa de novo aumento. O percentual de reajuste será igual para todas as faixas de consumo. As famílias que demandam mais água, obviamente, vão pagar mais no fim do mês porque já arcam com tarifa superior atualmente. A boa notícia é que esse aumento não deve refletir tanto na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S). Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), instituição responsável pelo indicador, o peso da conta de água e esgoto é pequeno no orçamento das famílias brasilienses. Enquanto na média nacional essa tarifa consome 2,15% da renda familiar, em Brasília ela é responsável por apenas 0,25%. ;Esses 3,09% de reajuste vão pesar nos gastos das pessoas na capital federal por dois motivos: primeiro porque o peso desse item nas despesas totais é menor e segundo porque o reajuste foi abaixo da inflação de 2008, de 6,67% no ano passado segundo o IPC;, afirmou Braz. O aumento abaixo da inflação é um dos argumentos da Caesb para conseguir permissão da Adasa para subir ainda mais a tarifa. ;O índice fixado pela Adasa é inferior à inflação do período e fará com que a Caesb suspenda obras de implantação de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário e ainda aquelas voltadas para a garantia de abastecimento futuro;, argumentou a Caesb em nota divulgada ontem. De acordo com a companhia, obras cujos investimentos somam R$ 94 milhões devem ser suspensas caso o incremento de 8,11% não seja permitido pela Adasa. ;Ao contrário do que espera o órgão regulador, a Caesb não recebe recursos ou subvenções do GDF ou do Governo Federal, sendo a tarifa sua única fonte de receita. É com ela que a Companhia assegura recursos para execução de seus investimentos e garante a continuidade da prestação dos seus serviços;, publicou em nota. Os cálculos dos aumentos dos serviços de água e esgotamento sanitário são feitos anualmente e consideram as mudanças nos custos da estrutura, uma média dos reajustes aplicados por outras empresas no país e no exterior e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse indicador, considerado a inflação oficial do Brasil, ficou em 5,84% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro. As mudanças na conta de água vão ajudar a puxar o IPC-S de Brasília para cima em março. Na terceira semana de fevereiro, esse indicador variou 0,15%, 0,40 ponto percentual a menos que na análise passada, de 0,55%. Das sete classes de despesa, apenas vestuário apresentou aceleração e subiu 0,30% na medição divulgada ontem. Educação, leitura e recreação, que tiveram alta em janeiro, tiveram variação negativa de 1,39%, o que mostra que os aumentos das mensalidades deixaram de exercer força sobre o indicador.