postado em 01/03/2009 10:56
BRUXELAS - Os líderes da União Europeia (UE) tentam neste domingo (1º/03) mostrar sua vontade de enfrentar juntos a crise e superar as divergências - como as relacionadas ao protecionismo ou a solidariedade entre o leste e o oeste, que vêm abalando sua credibilidade desde o início deste ano.
"É muito importante que, em períodos de dificuldades, nossos cidadãos compreendam que todos os países da Europa trabalham juntos seguindo as mesmas linhas", declarou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, pouco antes da abertura oficial da cúpula, às 13H30 (10H30 de Brasília) em Bruxelas.
"Diante de uma crise sem precedentes como esta que estamos vivendo, esta cúpula demonstra que a UE não pode ficar dividida em linhas norte e sul ou leste e oeste", acrescentou o primeiro-ministro tcheco, Mirek Topolanek, que preside atualmente a UE.
Para provar sua unidade, os dirigentes europeus devem publicar ao final deste encontro um texto afirmando sua crença nos princípios de livre comércio e livre circulação que movem o mercado único europeu, e sua determinação em restaurar o crédito bancário, ainda escasso.
Diversos países da Europa central, reunidos em minicúpula antes do início da cúpula dos 27 países, pediram a seus parceiros do ocidente que sejam mais solidários aos problemas de liquidez e de câmbio que alguns deles, principalmente a Hungria e a Letônia, estão enfrentando.
Entre outros assuntos políticos, o protecionismo, com o setor automobilístico no centro, vem causando atritos e preocupação na Europa.
A polêmica começou quando o presidente francês, Nicolas Sarkozy, condicionou a concessão de empréstimos franceses a taxas reduzidas para montadoras a um compromisso de manutenção de suas fábricas na França e de não transferência das mesmas para a República Tcheca ou outros países. Esta condição foi considerada protecionista e inaceitável pelos Tchecos, com apoio de inúmeros países da Comissão.
"Pegar empregos um dos outros com subvenções não é a solução. É melhor reduzir a capacidade de produção", criticou implicitamente neste domingo o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt.
Bruxelas e Paris anunciaram sábado um acordo para atenuar esta polêmica.
Paris se comprometeu a garantir que as convenções de empréstimo não conterão nenhuma condição de localização (das fábricas), o que levou a Comissão a se dizer "satisfeita" com a ausência do caráter protecionista do plano francês.