postado em 02/03/2009 18:48
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou a sua pior queda em quase dois meses na jornada desta segunda-feira (2/03). O prejuízo histórico da AIG gerou um princípio de "quase pânico" no mercado, com investidores temendo mais balanços desastrosos de grandes instituições financeiras. O dólar fechou a R$ 2,44, a maior taxa desde dezembro.
"Tem muita gente no mercado achando que 2009 já é um ano perdido para as Bolsas de Valores. E o problema é que nós temos ainda mais dez meses pela frente", comenta Ivanor Torres, analista da corretora gaúcha Geral. "(Com o resultado da AIG) a percepção geral é de que a situação é ainda mais crítica do que se imaginava. Mesmo com todas essas iniciativas dos governos para deter a crise, a sensação é que o revés é forte demais e vai demorar para melhorar", acrescenta o profissional", acrescenta ele.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, desabou 5,10% no fechamento, aos 36.234 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,91 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em forte baixa de 4,24%, uma variação fora do normal para o mercado americano.
O dólar foi cotado a R$ 2,442, em alta de 3,03%, a maior disparada desde dezembro. A taxa de risco-país marca 454 pontos, número 8,09% acima da pontuação anterior.
AIG e HSBC
O mercado foi varrido por uma onda de nervosismo após a gigante americana de seguros AIG ter anunciado um prejuízo sem precedentes de US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre. As perdas históricas dessa empresa desencadearam o temor de que outras instituições financeiras, também fortemente comprometidas pela crise dos créditos "subprimes", abram números tão ruins quanto a seguradora, que deve receber uma injeção de US$ 30 bilhões a título de ajuda oficial.
Outro banco de grande porte, o banco britânico HSBC, reportou resultados também desanimadores: a instituição apurou um lucro de US$ 5,728 bilhões em 2008, número 70% abaixo do registrado no exercício anterior. O grupo financeiro também comunicou o fechamento de 800 agências e a demissão de 6.100 funcionários nos Estados Unidos. O balanço da AIG foi o estopim mas não o único motivo para a derrocada das Bolsas e a corrida pelo dólar nos mercados globais. Os indicadores da Ásia, Europa e EUA reforçaram a percepção de uma forte contração da economia global, o que contribui para elevar o nível de aversão ao risco.
Setor manufatureiro
Nos EUA, o Instituto de Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) apontou que o setor manufatureiro teve o 13° mês consecutivo de contração. E em um das poucas notícias positivas do dia, o governo americano informou que o volume de gastos do consumidor teve alta de 0,6% em janeiro, interrompendo uma sequência de seis meses de retração consecutiva deste indicador. Já a renda das famílias teve um aumento de 0,4%. Os números estão bem melhores do que o consenso entre os analistas do setor financeiro.
Japão
No Japão, as vendas de carros despencaram 32,5% em janeiro, a pior queda desde 1974. Na Itália, uma das maiores economias da Europa, o PIB (Produto Interno Bruto) teve contração de 1% em 2008, segundo o o Istat (Instituto Nacional de Estatística, na sigla em italiano). No front doméstico, o boletim Focus revelou que a maioria dos economistas de bancos e corretoras aumentou suas "apostas" num corte agressivo da taxa básica de juros neste ano: atualmente em 12,75% ao ano, a chamada "Selic" deve cair para 10,25% até dezembro. Anteriormente, a taxa projetada era de 10,38%.