postado em 05/03/2009 18:58
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta quinta-feira (5/03) que a crise econômica mundial deve se estender além de 2010 e não vê uma recuperação neste ano a partir do segundo semestre.
Segundo Coutinho, o mundo continuará vivendo um período longo de estagnação do crescimento econômico e de deflação da riqueza mundial nos próximos anos.
"Não é possível pensar que esse processo vá se estabilizar e que nós iremos assistir a um crescimento no segundo semestre deste ano. Essa é uma crise que se prolongará ainda em 2010 e teremos um crescimento muito baixo por muito tempo. Não chegamos ao fundo do poço", afirmou Coutinho durante seminário realizado hoje peloConselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
O presidente do BNDES afirmou que os países em desenvolvimento também estão sendo fortemente afetados pela crise e que somente Brasil e China devem continuar atraindo dinheiro de outros países para financiar seu crescimento. Mesmo assim, haverá limitações.
Coutinho afirmou que o sistema financeiro nacional sofreu menos com a crise porque os bancos brasileiros emprestavam pouco dinheiro para o setor produtivo, devido à possibilidade de ganhar dinheiro com os juros altos da dívida pública.
Saudável
"Temos um sistema financeiro saudável. Até porque não só ele não especulou como ele pouco emprestou para o setor produtivo. O nosso sistema financeiro tinha no circuito de giro da dívida pública uma alternativa tão segura e tão tranqüila, que isso o preservou", afirmou.
O presidente do BNDES afirmou que a taxa básica de juros e a cotação do dólar se encontram hoje em um patamar que torna o país muito mais competitivo do que estavam antes da crise. Defendeu, no entanto, que os juros continuem caindo e que o governo aumento os gastos estatais.
"Temos um pouco de capacidade anticíclica, no lado fiscal e no lado monetário, que precisará ser explorada. Há um espaço inegável para queda dos juros, num contexto de tendência fortemente deflacionária e há uma correção estrutural da taxa de câmbio." Coutinho afirmou que, da parte do BNDES, o banco manterá os financiamentos destinados ao plano de investimentos da Petrobras até 2011.
"O BNDES irá bancar a Petrobras em 2009 e, necessário, em 2010, até que ela possa restabelecer seu acesso aos mercados, para que ela realize um programa de investimentos de grande envergadura."